As políticas sociais têm como finalidade o emagrecimento das necessidades e carências sociais.

O voluntariado constitui uma configuração que nos faz conservar a comunicação, a correspondência, a amizade, a felicidade, a estima, a coexistência, os vínculos afectuosos e os traços de afabilidade.

Comportamentos elegantes e convivências salutares acendem nos seres humanos o gáudio e, concomitantemente, abrandam a melancolia, constituindo um autêntico contraveneno capaz de afugentar, e em alguns casos aniquilar, os resultados perniciosos de algumas catástrofes.


As acções de voluntariado, na óptica da solidariedade, coadjuvação e correlação, presentes nas controvérsias de preparação e de fabrico das políticas sociais podem representar o regresso ao humanitarismo, uma vez que o mesmo se solidifica na doutrina de ajuda ao próximo, e não nas alusões e menções de cariz exclusivamente político e económico. Será que a solidariedade e o voluntariado não devem ser equacionados, delineados e disseminados como ambiências embebidas em bálsamos éticos e morais? Será que a família e os amigos não constituem grupos que estão a adquirir bastante relevância na comunicação e na participação solidária?


Efectivamente a nossa biografia está pintada a cores de sangue e de aversão. Todavia, é seguramente legítimo cogitar e acreditar que a humanidade jamais teria sobrevivido a uma quantidade tão grande de calamidades, impetuosidades e violências se não desfrutasse de uma “porção” embebida em interdependência e em cooperação. O trabalho voluntário caracteriza-se por uma panóplia de dimensões, essências e valores como sejam: a gratuidade; a disponibilidade; a solidariedade; a consideração; a participação; a dedicação; o civismo; o envolvimento; a entreajuda; e a responsabilidade.


As políticas sociais têm como finalidade o emagrecimento das necessidades e carências sociais. Porém, o esquecimento dos direitos humanos ainda constitui uma angustiante e tormentosa trincheira. Neste sentido, podemos referir que é extremamente necessário que o Estado reconquiste e “distribua” de forma permanente os direitos sociais, caso contrário os movimentos de voluntariado e de solidariedade, que procuram digladiar a desigualdade social, serão certamente insuficientes.


A sociedade civil necessita de ser politizada e contribuir não só para que as conveniências particulares se transformem em proveitos de âmbito universal, como também para que as estratégias adoptadas se contraponham à dominação do investimento financeiro. O voluntariado pode ser considerado como um comportamento que confronta a contemporânea cultura do individualismo, esta promotora, em inúmeras circunstancias, da passividade e da inércia das pessoas em relação às causas sociais e às imperfeições da cidadania.


A coadjuvação “imparcial” adjacente à prática do voluntariado reflecte-se na nossa identidade pessoal, cultural e social, uma vez que a mesma nos aquece a auto-estima e nos premeia com diversos índices de satisfação. Torna-se fundamental que os cidadãos se sintam socialmente profícuos, ou seja que agasalhem um semblante positivo no seio da comunidade. De realçar que o voluntariado não pode ser contemplado e compreendido como uma simples actividade de “boa vontade” ou de “bom coração”, nem como uma mera actuação insulada das nossas habilitações literárias e das nossas aptidões profissionais. Será que a invocação do voluntariado pode pronunciar e decretar que o debate e a argumentação sobre as políticas sociais, e o carácter universal dos direitos sociais se esfumam na sinuosidade da dissertação, segundo a qual todos são responsáveis, mas, simultaneamente, ninguém é responsável?