Actualmente outorgamos maior importância aos enigmas sociais que desfilam nas nossas cidades, ou seja, na nossa sociedade. Problemas que antigamente não usufruíam de qualquer tipo de eco ou aconchego, foram recentemente patenteados e testemunhados, e de uma forma progressiva vêm conquistando espaço, tanto no quotidiano dos cidadãos, como na imprensa.
Esta conjuntura impulsionou a procura de procedimentos exequíveis para a resolução desses mesmos problemas.
A representação visual, sendo a enunciação silenciosa de uma determinada significação, constitui uma “configuração” clássica de comunicação. A imagem, ao longo dos tempos, foi constantemente arquitectada com o propósito de provocar sensação, efervescência, movimento e agitação.
Portanto, as exteriorizações gráficas que indumentam os espaços das cidades “consagram” fortes ou franzinas fragrâncias de comunicação. As metrópoles, apesar de necessitarem de uma vincada legislação sobre o presente tema, transformaram-se em objectos, em “finalidades” e em palanques de comunicação.
A nossa devoção, em relação a tudo aquilo que é verdadeiramente harmonioso, acaba por ser involuntária, inconsciente, intrínseca e espontânea, uma vez que constantemente não só enaltecemos a musicalidade das formas, dos talhes, das “feições” e das pigmentações dos objectos, como também engrandecemos as suas características artísticas e ornamentais.
Uma paisagem urbana é constituída por edifícios, equipamentos, áreas livres e zonas de natureza, podendo ser caracterizada como uma realidade e uma “existência” física que esboça um conjunto. Por sua vez, esta “reunião” pode e deve ser compreendida e assimilada, de forma global ou detalhada, pelos cidadãos.
A paisagem urbana deve ser sempre considerada como património ambiental, uma vez que as cidades são a amplitude fundamental dos indivíduos. Será que a cultura urbana da comunicação não deve desfrutar de um “lineamento” encorpado de cidadania e de responsabilidade social?
Com o aperfeiçoamento das cidades e a solidificação do capitalismo germinou a conveniência, por parte das empresas e das instituições, na apresentação das suas marcas, produtos e serviços nos diversos espaços públicos, e para todos os potenciais consumidores.
A manifestação visual foi adquirindo bastante “notoriedade” na sociedade hodierna. Por exemplo, quando passeamos nas ruas de qualquer cidade deparamo-nos com uma panóplia de equipamentos publicitários que nem sempre são interpretados e assimilados como algo rebarbativo.
A publicidade ao fazer parte integrante da paisagem urbana acaba por ser compreendida, de forma consciente ou inconsciente, pela população.
Todavia, quando essa expressão visual, por “insultar” a beleza urbana, se metamorfoseia em poluição pode não só hospedar alguns malefícios para o bem-estar do indivíduo, como o cansaço, a sensação de abandono, a depressão, a constante inquietação e o stress, como também contribuir peremptoriamente para o desaparecimento da identidade e da originalidade das cidades.
A poluição visual, que mais não é do que a dissonância e deterioração visual, amamenta desequilíbrios e instabilidades no meio ambiente artificial urbano. Este tipo de poluição é provocado pelo homem, uma vez que o mesmo inscreve ininterruptamente no meio ambiente, de forma completamente anárquica e irreflectida, componentes e acessórios.
A utilidade e a função estética das ambiências urbanas devem hospedar, como principal propósito, a fundação de sensações visualmente agradáveis e sorridentes para os cidadãos. A paisagem cumpre uma valorizada função de interesse público tanto no cabimento social e ambiental, como também na área cultural.
Logo, o estilismo das cidades e a adjacente formosura urbana constituem estruturações e encadeamentos que possibilitam, de uma forma mais açucarada e prazenteira, conquistar a estabilidade, a consistência e a harmonia entre as restrições e as liberdades existentes.
É seguramente fundamental ressalvar e assinalar que o problema da poluição visual não reside na mera presença de publicidade num determinado espaço de uma cidade, mas sim nos moldes de incoerência, desconformidade e insensatez que indumentam a sua aplicação.
A publicidade metamorfoseia-se num elemento de poluição, sempre que acontece um desaguisado visual. Neste contexto, podemos espontaneamente compreender que o “desenho”, as “telas” e as “tintas” das cidades possuem uma importantíssima valoração ambiental, inventariando-se, em configurações objectivas, com a comodidade, o contentamento, o conforto, a pacificação e a quietação de toda a comunidade.