Para além de uma história que se “cruza”, em matéria de densidade populacional, Portugal e Espanha estão muito próximos. Tirando Madrid, e algumas cidades médias, quase todas as pessoas se acumulam agora à beira-mar.
Não digo que seja bom ou mau, digo apenas que a tendência, que começou com a industrialização e que se afirmou com os serviços, está para durar e que demoraria mais de um século a reverter, a partir do momento em que as políticas neste sentido iniciassem, caso fosse essa a opção pública e privada.
Agora que as pessoas em idade fértil já estão maioritariamente na cidade, onde o rendimento médio é mais do dobro do rendimento médio do interior, o que as levaria a ter filhos e a educá-los nas escolas do interior?!
Agora que quase todas as ofertas públicas e privadas de equipamentos e de serviços se alinharam com a tendência demográfica, como fazer para reverter a situação?!
Vivemos em democracia, não olvidemos… O planeamento participado e comprometido dificilmente imporá a deslocação obrigatória das pessoas e de investimentos…Veja-se o caso Infarmed que vai ( ía) para o Porto… Ainda que vá (fosse), não será para o interior, será para a segunda maior cidade.
E o que dizer da acessibilidde proibitiva a que o Interior se encontra?! Não se fazem 600 ou 700 km sem o desembolso de 120 a 150€ em portagens e combustíveis… E esses valores concorrem com viagens low cost de avião para outros destinos competitivos e interessantes para os jovens e pessoas em idade activa…
Entretanto, as cidades do litoral também foram evoluindo. Hoje a cidade é mais amiga das famílias, mais ambiental e sustentável e bem mais fruível, com mais transportes públicos e com cada espaço a ser melhorado tornando o ambiente “atraente” como referia François Ascher sobre o novo urbanismo das cidades. E depois, há sempre a oferta de empregos a desequilibrar tudo. Mesmo a seguir às crises, que afetam todos, é nas cidades do litoral que a recuperação evonómica começa…
Para quem, como eu, sempre defendeu o interior, começa a ficar mais difícil encontrar argumentos racionais nesta contenda. Mas vamos tentando e prosseguindo esta luta. Tem de ser! Tem de ser! E há novos impulsos no horizonte, que nos dão alento.