A base do sucesso está intimamente ligada a vários vértices como sejam: a “qualidade”, o compromisso e o empenho dos docentes; a eficácia e a eficiência do paradigma de gestão da própria escola; a qualidade de ensino que a escola proporciona; a tradição da própria escola; a cultura organizacional da escola; as características dos seus alunos; o meio social e económico envolvente e de inserção; as expectativas que a própria comunidade escolar agasalha; as expectativas que cada aluno hospeda em relação ao seu futuro; benignos automatismos e metodologias de trabalho; as expectativas e os apoios parentais em relação ao futuro escolar dos filhos; o “espólio” familiar; e os apoios educativos. Será que algumas escolas têm mais sucesso pelo facto de terem os melhores alunos? Será que alunos com determinadas características não têm sempre sucesso, independentemente do estabelecimento de ensino que frequentam? Qual é a percentagem de “influência” das escolas para que o sucesso dos seus discípulos seja uma realidade? Qual é a intensidade do contentamento, por parte dos professores, relativamente a resultados de exame positivos? Será que não é altamente injusto avaliar a eficácia de uma escola examinando unicamente a sua posição nos rankings dos exames nacionais? De que modo a administração da escola é influenciada pelo lugar que a escola ocupa nos rankings, designadamente no que se refere à gestão dos currículos e dos docentes? De que forma o caminho escolar de um aluno determina o sucesso nos exames nacionais? Qual é o encadeamento entre o meio social e económico de um aluno, e o seu desempenho em exame? Qual é a importância dos apoios educativos para que o sucesso em exame seja uma realidade? Será que os apoios educativos não deviam desfilar no interior e exterior da escola?
Torna-se fundamental que os cidadãos tenham a noção de que a avaliação de escolas, fundamentada exclusivamente em médias de exame, é altamente redutora, limitada e injusta. Muito se tem falado e escrito acerca do sucesso e insucesso escolar. Na realidade, não existem muitos trabalhos científicos que atraquem na temática rankings de escolas. Quais são as causas e os efeitos do sucesso e insucesso escolar? Será que a procura de soluções e de respostas relativamente aos rankings não amplificou a discussão para além da comunidade educativa? Quais são os temas favoritos da literatura e da investigação educacional? Será que não é relevante analisar com rigor o impacto que o arquétipo de gestão perfilhado por uma escola pode ter no sucesso dos seus alunos em exame? Qual é a relação que existe entre o tempo dedicado ao estudo fora da escola e a consecução de bons resultados em exame? Qual é o carácter ou o perfil do aluno bem sucedido em exame? Quais são as características comuns aos alunos com sucesso em exame? Quais são afinal os factores promotores do sucesso em exame? Quais são afinal os contextos impulsionadores do sucesso escolar?
Contemporaneamente a esmagadora maioria dos cidadãos, e das mais dissemelhantes superfícies de formação ou actuação, opina sobre o insucesso escolar e, em variadíssimas ocasiões, recomenda indicações, directrizes e medidas que, num curto período de tempo e de forma surpreendente, dissolveriam a problemática do insucesso. Será que se o problema fosse assim tão fácil de resolver, não tinha já sido resolvido pela comunidade educativa? Será que a questão do insucesso escolar não é verdadeiramente emaranhada e abrangente? Será que o insucesso escolar se pode desincorporar das ideologias vigorantes em cada época; das políticas educativas perfilhadas pelos sucessivos Governos; e da história da própria instituição escolar? Será que a escola, generalizada como está, serve todos os alunos da mesma forma? Será que a mesma conduz a resultados iguais? Será que os alunos não advêm de realidades totalmente diferentes? Será que essa condição não é relevante para o sucesso ou insucesso escolar?
Na verdade, as motivações e a cultura que alicerçam a consecução de resultados escolares positivos não são iguais nos diversos meios sociais e familiares. Logo, esta configuração jamais pode desaguar em resultados escolares idênticos. Será que o problema do insucesso escolar não começa no próprio conceito? Será que a pesquisa de uma definição de sucesso escolar não encalha forçosamente numa pluralidade de conceitos e de variáveis?
É insuficiente facultar os meios económicos, condição da escola pública através do apoio de acção social escolar, para que efectivamente exista paridade de oportunidades. O trajecto do aluno e o meio social, cultural e económico que o envolve não podem ser deslembrados ou desconsiderados. Será que o conceito de sucesso não é uma espécie de “requisito” diferente para cada um de nós? Será que sucesso escolar não agasalha uma definição bastante própria e peculiar, conforme o destaque que lhe outorgamos?
A capacidade de integração; o decrescimento dos índices de abandono escolar; o aperfeiçoamento; o desenvolvimento; e a identificação com um paradigma de valores constituem conjunções que nem sempre desembocam em avaliações positivas nas distintas disciplinas. Contudo, essas conjunções são relevantes no que concerne ao sucesso pessoal e institucional. Será que devemos confundir sucesso escolar com sucesso na avaliação?
O aparecimento dos rankings de escolas tem seguramente muitos perímetros, encadeamentos e explicações. Os rankings de escolas estão intimamente associados à orientação gradual das políticas educativas para uma lógica de mercado. Porém, este formato de avaliação de qualidade e de prestação de contas ajustada ao ensino não é isento de riscos e de iniquidades. Os métodos simplistas e os procedimentos redutores jamais poderão constituir uma benigna configuração de interpretar e de avaliar instituições que hospedam elevadas doses de complexidade, como é o caso dos estabelecimentos de ensino. Será que a adesão massiva aos rankings não foi pública e volumosa em alguns sectores da sociedade?
Os meios de comunicação, escoltados por alguns agentes educativos, analisam esses mesmos rankings de escolas exaustivamente durante um reduzido espaço de tempo para depois, e de modo célere, se esquecerem deles por mais um ano. Como podemos interpretar esta conjuntura? Será que não há diversas formas de a interpretar? Será que em algumas ocasiões não podemos estar perante um simples e “cândido” interesse jornalístico de momento? Será que em outras ocasiões não há a tentativa de desviar as atenções das questões fundamentais do ensino? Será que os rankings não podem ser compreendidos como publicidade eficaz e pouco onerosa que algumas instituições, sobretudo de ensino privado, utilizam e disseminam? Quais são as principais razões para que as escolas de ensino privado sejam, comummente, as que ocupam os lugares cimeiros dos rankings de escola? Será que em variadíssimas circunstâncias os rankings não são um género de publicidade enganosa? Será que em alguns cenários, os interesses económicos não “patrocinam” esses mesmos rankings? Será que o ensino privado não é cada vez mais magnético? Será que não vivemos numa época que confedera uma enorme oferta de docentes especializados e disponíveis para aceitar trabalho precário?
Verificamos uma procura crescente do ensino privado por parte da classe média que vive nas cidades. A obrigatoriedade crescente do ensino e o facto de a assiduidade escolar constituir contrapartida de prestações de coadjuvação económica e social talvez tenham incrementado a insegurança e a indisciplina nas escolas públicas. Amiudadamente a opinião pública é inundada com a ideia de que as escolas que desfilam nos primeiros lugares dos rankings oferecem um ensino com mais qualidade, melhores docentes, melhores instalações e melhores equipamentos. Será que este contexto não é exacerbado por alguns agentes educativos e meios de comunicação? Será que esta “prédica” não é altamente controversa, discutível e polémica?
Os rankings de escolas desconsideram muitas e preeminentes vertentes na determinação do sucesso, tais como o facto de algumas escolas, nomeadamente as públicas, não poderem declinar o ingresso de nenhum aluno. No ensino privado acontece exactamente o oposto, pois os alunos mais indisciplinados, desfavorecidos economicamente e desmotivados não ingressam nas escolas privadas. Será que o ensino não agasalha, na sua génese e âmago, factores muitíssimo mais abrangentes do que os conteúdos específicos de cada disciplina? Como avaliamos questões tão elementares como a educação cívica, e a formação ao nível das atitudes e dos valores, em contexto de exame escrito?