Na verdade, assistimos ao aparecimento de novas configurações urbanas, assim como à conexão do fenómeno urbano com as novas articulações e “pronunciações” sociais.
O transporte e o trânsito são “serviços” que embrulham a totalidade das actividades da sociedade, afectando, por esse motivo, todos os indivíduos. As vias urbanas constituem espaços por os quais circulam cidadãos a pé ou de automóvel. Também são aproveitadas para a distribuição de energia eléctrica, passagem dos cabos de telefone e televisão, escoamento de esgotos e águas pluviais, e transporte de água bebível. Na verdade, quaisquer desses “movimentos” não só necessita de formatos estratégicos que aquartelem a preservação das ruas, como também produz, de forma simultânea, antagonismos, principalmente no tráfego de veículos. Administrar as discórdias, assim como arquitectar, inspeccionar e compreender as transfigurações urbanas constituem jurisdições da Administração Pública.
Um parque de estacionamento pode ser definido como um espaço criado especificamente para o estacionamento de automóveis, sendo fundamental nas estratégias de transporte das grandes cidades. Na maioria das vezes, o sistema viário de uma cidade é formado por vias antigas, de dimensões reduzidas e com pouca capacidade para fazer frente às enormes torrentes de veículos, e por vias de construção recente, estas com atributos físicos mais adequados ao transporte.
Um dos maiores dilemas que existe nas grandes cidades acaba por ser o trânsito. Com o constante aumento do número de automóveis nas ruas, não será obviamente árduo encontrar cidadãos que convivem diariamente com a praxe das longas e pardacentas filas de trânsito. Quando um determinado País agasalha um considerável desenvolvimento socioeconómico, acaba por se tornar indeclinável a dilatação das telas de motorização, uma vez que a posse de uma viatura representa bem-estar, independência, celeridade e agilidade.
Os centros urbanos tornaram-se palanque de uma autêntica confusão urbana para os cidadãos que os utilizam diariamente e se deslocam de automóvel. Essa paisagem outorga aos centros da cidade um verdadeiro obstáculo não só para a eficaz circulação de viaturas, como também para o oferecimento de estacionamentos. Convém não deslembrar que o pelouro estacionamento interessa a diversos “metâmeros” da sociedade.
O estacionamento subterrâneo assume-se com uma das soluções mais encontradas nos estudos e análises que visam a problemática estacionamento. Há inúmeros projectos que aclamam os estacionamentos encaixados no subsolo. Este tipo de “conspecção” acaba por contribuir para a não descaracterização das funções, ocupações e vivacidades que uma praça deve aconchegar.
As cidades contemporâneas enfrentam múltiplos desafios e impulsos urbanísticos, dos quais a mobilidade automóvel constitui seguramente um dos mais preeminentes. É imprescindível edificar cada vez mais espaços de estacionamento com a finalidade de servir a procura existente. Mas afinal quem é que confecciona o espaço urbano? Quem são os agentes sociais que constroem ou destroem a cidade?
As cidades vão presenciando a precária mobilidade, a insuficiente acessibilidade, a deterioração constante das condições ambientais, os congestionamentos inveterados e os acidentes de trânsito. Será que o espaço físico não se aproxima a passos largos da insustentabilidade? Será que existe a cidade ideal? Qual será o tipo de cidade desejado no futuro?
Cada cidade agasalha contextos bastante específicos, devendo procurar, tendo em conta as suas próprias dimensões, soluções apropriadas para os mesmos. Em termos gerais podemos asseverar que é fundamental um planeamento rigoroso do sistema viário; a classificação funcional das vias; a construção de novas vias e lugares de estacionamento; a amplificação e aclimatação de algumas vias e parques destinados ao estacionamento; a meditação e posterior “incorporação” das actividades de transporte e de planeamento urbano; a definição da totalidade das características físicas das vias; a produção de programas que envolvam os transportes e o trânsito; a perspicuidade nas deliberações sobre as políticas urbanas de transporte; a definição das intersecções e dos equipamentos urbanos; um arquétipo de trânsito hierarquizado; a definição cristalina dos espaços de limitação ao tráfego intenso ou desapropriado, bem como das vias destinadas aos transportes públicos; e um paradigma de transportes públicos competente.
O estacionamento influencia o modo como vivemos e convivemos, as acessibilidades e o próprio êxito económico de um determinado estratagema de desenvolvimento escorado. Será fulcral ter a noção que as políticas adjacentes à oferta e ao custo do estacionamento podem cumprir uma função elementar no que toca à modificação da dependência automóvel para semblantes de transportes mais ecológicos como sejam as vias de ciclismo, os itinerários pedestres e os transportes públicos. Será que os “predicados” que indumentam a pasta estacionamento não são da responsabilidade dos Municípios? Será que os mesmos não deviam ser definidos pelas indispensabilidades locais? Será que a grande maioria dos projectistas aquartela formação conveniente e experiência suficiente para atenuar esses problemas? Será que os Municípios não perfilham somente os atalhos, abandonando sempre os verdadeiros e vantajosos caminhos da planificação? Será que não há Municípios a copiar planos de outros Municípios em que a dinâmica é completamente dissemelhante?
Os lugares de estacionamento abrigam inúmeros custos directos que podem variar tendo em conta as características do parque, ou seja à superfície ou subterrâneo. Através de taxas municipais, os consumidores pagam o preço pelo serviço estacionamento. Os terrenos utilizados para a criação dos estacionamentos aconchegam custos de oportunidade, uma vez que os mesmos podiam albergar actividades com fins substancialmente mais produtivos e lucrativos. Os parques de estacionamento compreendem iluminação, limpeza, requalificação, segurança, companhias de seguros e recursos humanos. Será que os parques de estacionamento não contribuem para o aumento dos engarrafamentos de trânsito? Será que os mesmos são arquitectados e construídos com algum tipo de critério?
O sustentáculo dos cânones económicos dos estacionamentos nas cidades está intimamente associado ao elevado custo e à necessidade cada vez maior dos mesmos. O estacionamento incorrecto acarreta um cendrado entupimento à fluidez do tráfego, estando, de certa forma, ligado aos acidentes.
A procura de um lugar de estacionamento vago vai naturalmente originar congestionamento do trânsito, pois existem muitos veículos que se encontram à espera ou à procura desse mesmo lugar. Na verdade, é bastante difícil apercebermo-nos da elevada quantidade de veículos que estão interseridos neste “diagrama”, uma vez que esses automobilistas encontram-se mesclados com os outros que objectivamente pretendem circular para determinada direcção. Portanto, nunca se sabe quanto tempo se desperdiça na procura de um lugar de estacionamento. Qual será a cidade que oferece condições sem que previamente saiba se tenho dinheiro ou não, se vou andar de carro, transportes públicos, bicicleta ou a pé, se vou morar longe ou perto do centro urbano e se vou trabalhar no centro ou na periferia da mesma? Qual é o protótipo de cidade que eu gostaria de encontrar na futuridade? Quais as garantias que preciso de ter para saber se vou viver confortavelmente numa cidade? Será que devido à falta de lugares de estacionamento chegou a altura de interditar a compra de automóveis?
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