Por outro lado, a Área Metropolitana de Lisboa e Porto, juntas, têm quase metade da população portuguesa, e não pára de aumentar, mesmo com a população nacional a diminuir. Ou seja, um em cada três portugueses vivem já na Grande Lisboa, onde está um terço da nossa economia e mais de um terço do nosso consumo. Em matéria de rendimento disponível, a Grande Lisboa ultrapassa ainda mais esta percentagem, pois a média de rendimento está muito acima da média nacional. Que fazer perante um país tão desigual?
Estas são duas perguntas de difícil resposta. O problema é imenso, é-o de muitos anos, pois historicamente o interior sempre foi despovoado, sendo certo que nos últimos 50 anos a tendência foi sempre a de perda geral de população. É assim por quase todos os “interiores” desta nossa Europa envelhecida e inclinada para os seus muitos litorais, sejam de litorais de mar, sejam de “litorais” de oportunidades.
Alterar este quadro vai levar muitos anos, como se disse em textos anteriores (nunca será demais refletir sobre este importante tema). As mudanças demográficas são muito lentas e inverter tendências firmes é um verdadeiro problema. Urge começar a caminhada. Uma fiscalidade mais amiga do interior, das famílias e das empresas do interior são um bom começo para algo começar a mudar. Sem oportunidades de trabalho jamais haverá fixação duradoura e significativa de pessoas.
Mas exige-se muito mais. Exige-se que cada um faça uso dos instrumentos de que tem controlo para efetivamente contribuir para mudar este paradigma. Políticos locais, empresários, agentes de desenvolvimento local, associações, professores e imprensa regional e local, todos teremos de pensar proactivamente neste tema e desenvolvê-lo em conjunto e de mãos dadas, tratando-o com toda a atenção e respeito que nos merece.
Do outro lado, bem, do outro lado teremos sempre a Grande Lisboa, que muitos querem que seja ainda maior para competir com as outras capitais europeias. Não será tarefa fácil contrariar esta concorrência. Não será não!