Se confrontássemos um universitário finalista de Planeamento, ou de Políticas do Território, com os temas mais importantes, transversais e presentes num programa estratégico para um dado Território, sempre as acessibilidades, os equipamentos colectivos, culturais e desportivos, a oferta de serviços públicos e privados e o nível da actividade económica, haveriam de ter relevante ponderação na análise, lado a lado com a inovação e os factores diferenciadores que concorrem para a competitividade local.
Contudo, casos existem que parecem contrariar a tese de que os investimentos adequados só por si, desenvolvem um território, tornando-o competitivo, sustentável e procurado para viver. Veja-se um exemplo na Beira-Alta, Distrito da Guarda, concelho de Trancoso, a Vila de Vila Franca das Naves, a uns 50 km da fronteira e porventura o ponto mais central do Distrito.
Servida por caminhos de ferro, na internacional linha de Vilar Formoso, com paragem do intercidades. Com acesso à auto-estrada, (IP2, A25 e A23), com uma “auto-estrada” também nas comunicações e dados (3G), com Forças de Segurança e de protecção civil (GNR e Bombeiros Voluntários, com boas instalações), delegação do Município de Trancoso, Agrupamento de Escolas, Centro Cultural, pavilhão desportivo, Piscinas Municipais cobertas, Tribunal – na modalidade de Julgado de Paz, duas Instituições Bancárias, Seguros, Técnico Oficial de Contas, algumas Actividades Económicas: Agricultura, pecuária, panificação, serralharia e construção civil, vitivinicultura (com adega cooperativa), lacticínios, e pequeno comércio, algumas Associações e Junta de Freguesia.
Contudo, tem menos de 1000 habitantes e nesta matéria não parece alterar-se a tendência de diminuição constante das últimas décadas. A região perde mais de 10% da população por década, e é assim há várias décadas, nada fazendo crer que se possa alterar este drama demográfico.
E por isso, não obstante tenha tudo, ou quase, em matéria de sustentabilidade e viabilidade, há-de ser um caso de estudo por não conseguir que seja diferente da média do que se passa em redor, ou seja do que se passa nas outras Vilas deste nosso Interior, continuamente despovoadas e enfraquecidas no seu tecido económico…
Vale a pena pensar nisto quando se reclamam equipamentos e investimentos públicos para alavancarem desenvolvimento local e regional!