Com as sucessivas baixas das taxas de juro de referência para a contratação de empréstimos junto da banca, os portugueses podem agora ver aliviadas as suas prestações, sobretudo as derivadas do crédito para habitação. É, porventura, a única boa notícia financeira nesta enorme crise.
E se há alguns meses aqui aconselhámos uma amortização parcial dos empréstimos para fazer face às altas taxas de juro de então – caso tivesse dinheiro disponível – somos agora a desaconselhar qualquer amortização que seja dos empréstimos vigentes. Antes pelo contrário, reforce os valores em dívida no crédito para habitação em vez de solicitar novos empréstimos para consumo ou outros a que tenha mesmo de recorrer. Assegure-se, contudo, de que os spreads se mantêm num valor aceitável, ou seja, entre 0,3 e 1%, no máximo 1,2%.
Neste momento, as taxas Euribor estão em queda (veja comentário sobre o tema e daí para cá já caíram mais) e, por conseguinte, se tem um empréstimo indexado a esta taxa só pode esperar vir a pagar menos, pelo menos enquanto a crise estiver no seu auge e a inflação controlada, ou seja, pelo menos até ao fim do próximo ano.
Sendo assim, o spread ou taxa adicional à Euribor que o Banco exige, assume maior relevo. Se num período de taxas Euribor altas, se aconselhava uma visita ao banco para solicitar a redução do spread, não conte com essa facilidade nos dias de hoje, em que as taxas Euribor deslizam e os Bancos aumentam os spreads, também como forma de melhorarem os seus resultados e de compensarem o crédito malparado. O spread não é mais do que a sua comissão ou lucro por assumirem a responsabilidade inerente ao empréstimo que lhe fazem.
Sabe-se que nos novos empréstimos, estão a subir, e muito, as margens bancárias (spreads), chegando a valores mais altos que os dos contratos vigentes; razão porque não deve amortizar excepcionalmente esses empréstimos. Não veja neste conselho um convite ao endividamento, pois até pode aplicar o capital num investimento que supere as taxas que suporta com o empréstimo e não consumi-lo desnecessariamente.
É bem possível que, tendo um empréstimo indexado à Euribor e com um spread de por exemplo 0,5%, não venha a pagar mais de 1,5% ao todo (Euribor + spread), lá para depois do Verão, e não lhe será difícil imaginar onde aplicar o capital para dar esse rendimento ou mais, e poderá então sentir o quão bom é manter um empréstimo a spreads baixos!