A “tragédia grega” à portuguesa, que começou com promessas de novos 150 mil empregos e outras semelhantes, vai derivar numa encruzilhada de maior desemprego e pobreza.

Quando os fundos de investimento se avolumam tanto nas mãos de um só decisor – sejam fundos soberanos ou poupanças de todos nós –, fundos tão grandes, que por si só são capazes de especular com um produto, uma moeda ou toda a economia de um país, está justificada a grande volatilidade dos mercados. Aconteceu com o petróleo, com a libra, com a Grécia, com o euro e, provavelmente, agora com Portugal.

Expostas as fragilidades de uma economia, os especuladores mais não fazem do que “acossá-la”, expondo as suas fraquezas, sinalizando eventuais incumprimentos e, consequentemente, aumentando as taxas de juro sobre a dívida ao estrangeiro, a fuga do mercado de capitais e as elevadas quedas nos índices bolsistas. A Bolsa portuguesa está um desastre. Uma verdadeira tragédia grega! Com todos – todos! – os títulos no VERMELHO e com quedas muito apreciáveis!

Obviamente que só as economias que apresentam maiores debilidades e políticas insustentáveis estão na mira dos especuladores. Obviamente que só as economias com previsões desacreditadas quase diariamente pelas instituições internacionais vacilam perante o terrorismo económico. É o caso da economia portuguesa, que vai de mal a pior! O Crescimento do Produto, a existir, cifrar-se-á próximo do “ZERO VÍRGULA QUALQUER COISA”. É assim há demasiados anos, quando não cai mesmo para valores negativos como aconteceu no último ano, em que o PIB caiu 2,7% e as malogradas reformas anunciadas até à exaustão parecem não frutificar de modo algum, nem gerar qualquer riqueza a investir ou a redistribuir no futuro.

Tem de haver outro caminho, com mais seriedade na abordagem, com mais firmeza nas medidas, com mais racionalidade na feitura das leis. Esta “tragédia grega” à portuguesa, que começou com promessas de novos 150 mil empregos e outras semelhantes, vai derivar numa encruzilhada de maior desemprego e pobreza. Ainda há dias o FMI assim o afirmava.

Eu, leigo que sou, e que só quero que as instituições funcionem, que o Banco de Portugal fiscalize e regule, que o Governo governe e se deixe de propagandear de forma repetida milhões inexistentes, e que a sociedade funcione, com mais economia privada a criar riqueza tributável, com menos obras faraónicas e de viabilidade duvidosa, pergunto-me como podemos combater este estado de coisas?

Seria, por exemplo, possível fazer crescer o produto se em vez de colocarmos dívida pública lá fora a quase 5% o fizéssemos internamente, sobretudo junto dos mais idosos para aplicação das suas pequenas poupanças?! Seria possível subsidiar o emprego junto das PMEs em vez de subsidiar o nada fazer e a desmotivação?! Seria possível baixar taxas fiscais, aumentando a competitividade e alargando o universo tributável?! Seria possível elencar um ou dois projectos de escala municipal, estratégicos para o avanço económico das regiões, e, encaminhar para os mesmos uma substancial fatia dos fundos comunitários?!