Os líderes que conduziram o país foram, na sua maioria, paridos por um sistema partidário. Simultaneamente, tem vindo a público, de forma desanimadora, que a escola que abraçou estes homens e mulheres da política, é composta por uma minoria de profissionais que registam muitas horas nos bastidores semeando apoios, cultivando clientelismo e, consequentemente, potenciando o habitual caciquismo. Por detrás de um engenheiro, jurista, arquitecto, vendedor, professor, carpinteiro, para além das aptidões profissionais, existem competências pessoais. Qualidades. Valores. E estes valores colhem-se através de variadas formas: religião, educação, família, amigos, viagens, cultura, entre tantos outros. Na verdade, o consumo da realidade empírica por via daqueles instrumentos aproxima-nos das pessoas; e conhecendo as suas necessidades temos uma resposta pró-activa e ajustada, de um modo quase que telepático. E estas aptidões comportamentais, no mercado de trabalho, são na maioria das vezes, a bitola que dita a escolha de uma pessoa em detrimento de outra. Infelizmente, a máquina partidária dos nossos dias tem-se descredibilizado por sua auto recriação, e as abstenções dos últimos tempos são um sinal evidente desse mal. E por causa disto, há também – ao de leve – uma conotação negativa quando batemos no peito que somos de um partido. Como se fossemos tolos por acreditar. Acredito nas pessoas. Acredito nos ideais. Acredito na causa pública. E acredito nas gerações que passaram e nas que estão a chegar. Temos muita gente capaz, inteligente, com coluna vertebral, pronta para ser chamada ao combate. Temos gente que pugna pela competência em detrimento do apelido ou outras heranças. E por isso é crucial regenerar o tecido político, sem tiques ou vícios, porque são as pessoas que emprestam o seu carácter ao partido, não o contrário. E haja humildade para chamar à cena política uns quantos que, por elevarem a voz e apontarem o dedo, reclamando por honestidade e transparência, foram expurgados. Acredito nos partidos enquanto ponte para a sociedade, mas só uma liderança destemida, idónea e atenta, será capaz de levar uma multidão a fazer a travessia. Parafraseando Maquiavel “o primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta”. Oxalá, muitas pessoas – qualquer que seja o quadrante político partidário – se envolvam e devolvam à democracia o oxigénio de que todos precisamos para viver em sociedade de forma mais justa, segura, harmoniosa e com valor.
A factura que nos é agora apresentada por força do despesismo desenfreado das últimas décadas leva-nos a reflectir sobre a causa das coisas