“Os novos locais, à semelhança do que acontece com o sítio de Siega Verde (Espanha), seriam extensões do Vale do Côa, que já acolhe um património rupestre com mais de 20 mil anos de história e que vai desde o concelho de Mogadouro ao rio Ocreza (afluente do Tejo)”, disse hoje à agência Lusa António Martinho Batista. Segundo este arqueólogo e investigador, nos últimos anos têm sido “descobertos” novos sítios de arte rupestre do paleolítico como a do vale do rio Côa, já classificado como Património Mundial. “Penso que se justifica que o país invista na classificação destes novos sítios como extensões do PAVC. A ideia foi apresentada recentemente num encontro de gestores de património mundial da UNESCO em Ramalas de la Vitória, na região espanhola de Altamira”, acrescentou. Os investigadores defensores da classificação entendem que “a centralidade” do projeto deverá ficar no Vale do Côa, justificando que se trata de “um dos sítios mais importantes” a nível mundial da arte rupestre ao ar livre. “Há quatro novos sítios que foram postos a descoberto e vão desde o concelho de Mogadouro até à foz do rio Tua, passando mais a sul pelo rio Zêzere, no concelho do Fundão, e terminando no Ocreza, já a sul, na região de Mação”, disse António Martinho Batista. Os investigadores consideram que se trata de “um cordão interior” que merece classificação. Noutro campo da arqueologia, técnicos portugueses e espanhóis estão a trabalhar na chamada “arte esquemática”, posterior à existente no vale do Côa, e que é um tipo de pintura e não de gravura, em que sobressaem representações humanas. “Toda a zona do interior do país poderá, brevemente, ter novas zonas arqueológicas classificadas como património mundial, faltando apenas organizar os processos de candidatura, sendo para esse efeito importante o apoio das autarquias locais” concluiu António Matinho Batista.
Diretor do Parque do Côa defende classificação de novos sítios de arte rupreste em Portugal
O diretor do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC) defendeu hoje a classificação, pela UNESCO, de novos sítios de arte rupestre numa área que se estende desde o Alto Sabor à zona do rio Tejo.