Aldeia do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo celebra “Queima do Entrudo Lagarteiro”

A aldeia de Vilar de Amargo, no concelho de Figueira de Castelo Rodrigo (distrito da Guarda), celebra, no dia 10 de fevereiro, a “Queima do Entrudo Lagarteiro”, com máscaras feitas de renda.

A iniciativa, promovida pela Associação Lagarto, envolve toda a comunidade e desafia os visitantes a colocar uma máscara de renda e participar neste “Entrudo típico da Beira Interior”. O evento inclui uma caminhada, gastronomia, baile, música, artes plásticas teatro e espetáculo de fogo.

“Mulheres mascaradas de homens e homens de mulher, com as tradicionais máscaras de renda para esconder a face para que ninguém seja reconhecido nas pantominices que fazem” é o mote deste Entrudo.

O evento é concebido “com base numa recolha etnográfica junto da comunidade e numa antiga monografia da aldeia, conhecida como a terra do lagarto”, explicou à agência Lusa Marco Ferraz da Associação Lagarto.

“A celebração estava descrita nessa monografia e quando fizemos as entrevistas na recolha etnográfica havia muita satisfação em recordar este Carnaval à moda antiga, onde [os participantes] pegavam nas rendas que tinham em casa para cobrir a cara para dissimular a identidade”, adianta o dirigente associativo.

Marco Ferraz salienta que a renda acaba por ser “uma imagem de marca” deste Entrudo de Vilar de Amargo. Este ano é convidada uma ‘designer’ de moda para reinterpretar a renda.

O evento recria também o caldo das viúvas, um ritual que, de acordo com o registo tradicional do evento, consistia “na confeção de um caldo de carnes gordas às pessoas com mais necessidades, nomeadamente as viúvas que acabavam por ser as pessoas mais pobres”. “Foi uma forma de trazermos para a celebração as mulheres porque estas eram tradições de homens”, descreve Marco Ferraz. Agora o caldo confecionado nas panelas de ferro é servido a quem quiser provar.

A “Queima do Entrudo” é um dos pontos altos do evento. O Entrudo é figurado “num boneco de palha construído dias antes da queima, com roupas velhas cheias de palha”. O boneco é velado durante a tarde e sai à noite pelas ruas da aldeia, em procissão, numa marcha fúnebre que culmina com a leitura do sermão.

O programa do evento inicia-se com uma caminhada interpretativa, pelas 09:30, seguindo-se o almoço de “Feijoada do Entrudo”, com animação e um baile popular.

Antes do velório do Entrudo ter início na capela das Misericórdias, pelas 16:00, haverá o desvendar da intervenção “Amargo de Renda” pelos artistas Cândida Pinto (designer de moda), Pedro Figueiredo (escultor), António Azenha (artista plástico e performer), Ana Maria Pintora (pintora) e Ricardo Pacheco (escultor).

O caldo das viúvas começa a ser confecionado pelas 18:00 e é servido às 20:00 acompanhado de outras iguarias.

A marcha fúnebre pelas ruas da aldeia inicia-se às 21h00 e a leitura do sermão será pelas 22h00, no Largo da Escola. A “Queima do Entrudo” é feita pelas 22h30 seguindo-se um espetáculo de malabarismo e animação com o DJ @cheganahora.


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