Música, fé e dança na FÉsta das Nações no topo da Serra da Estrela

Festa Torre3

Cerca de 800 jovens de mais de dez países participaram ontem, no topo da serra da Estrela, na FÉsta das Nações, para partilharem a fé ou mostrarem a sua cultura.

Cerca de 800 jovens de mais de dez países participaram ontem, no topo da serra da Estrela, na FÉsta das Nações, para partilharem a fé ou mostrarem a sua cultura.

A iniciativa, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), foi promovida pelo Comité Organizador da Diocese da Guarda e juntou, além dos peregrinos, voluntários, famílias de acolhimento, outros elementos da comunidade católica e curiosos, num evento em que cada comitiva subiu ao palco para, através da dança e da música, mostrar um pouco da sua cultura.

Viviana Sandovar, 22 anos, do Equador, participa pela primeira vez na JMJ “para partilhar com mais jovens a mesma fé” e o grupo prepara-se para dançar um fandango.

O compatriota José Gordin, de Quito, é a quarta vez que participa no evento que, afirma, lhe mudou a vida desde o Brasil, quando se deixou de sentir tão isolado para estar “entre irmãos”.

“Aqui encontro-me com Jesus e com irmãos na fé, não importa a língua”, salienta José Godin, de 35 anos, que considera os jovens “esperança para a Igreja” e defende uma “mudança da estrutura mental de muitos sacerdotes, para se aproximarem mais dos jovens”.

No meio de muitas bandeiras, grupos a gritarem em uníssono o nome da sua cidade ou a entoarem canções religiosas, Papazinho Nhon Dju, guineense de 28 anos, andou pela primeira vez de avião e sente-se cansado pela intensidade dos últimos dias, mas também feliz, realizado e expectante em ver o Papa.

“Além de conhecermos lugares históricos e outras culturas, conhecemo-nos uns aos outros. É uma forma muito diferente de viver a fé daquela a que estou habituado”, realça Papazinho Dju, para quem a estreia na JMJ “é muito mais do que ver o Papa, é uma forma de fortalecer a nossa caminhada”.

Enquanto soa nas colunas a Broska Kussundé guineense, Manouk Bewers, 23 anos, dos Países Baixos, que em 2015 esteve na Polónia, lamenta haver “cada vez menos jovens” na sua igreja, por terem outros afazeres e prioridades, e manifesta-se exultante por estar num lugar “onde se vive o espírito santo juntos”, em comunidade e num ambiente festivo.

Enquanto aguarda para apresentar a sua mensagem de paz através das músicas marrabenta e xigubo, a moçambicana Diana Matsinhe, de 30 anos, descreve estar a repetir “uma experiência única”, já vivida no Panamá.

“Temos a oportunidade de conviver com diferentes nacionalidades, com o mesmo objetivo, que é compartilhar a fé em Cristo, além de podermos ver o Papa”, frisa a moçambicana, que elogia a FÉsta das Nações e a “troca de mensagens enriquecedora através da música, uma linguagem universal”.

Gilbert Razon, filipino de 35 anos, destaca o elevado número de católicos no seu país e a forma como considera a Igreja nos Países Baixos, onde agora reside, “aborrecida e velha”, o oposto do entusiasmo que vive no ponto mais alto de Portugal continental e nos dias anteriores.

Quando os filipinos cantaram sobre a incursão de Fernão de Magalhães no seu país, e de a comitiva polaca ter apresentado uma dança real, já os franceses, de Tour, todos vestidos com camisolas às riscas brancas e vermelhas, tinham animado os presentes com uma música de Daniel Balavoise com uma letra adaptada, onde mencionaram os muitos castelos existentes na sua região.

No numeroso grupo está Anne-Cécile e Louis Dabrainville, ambos de 18 anos. O estudante afirma-se um cristão que se foi afastando da fé e “este é um momento de aproximação” e de constatar “que não se está só na fé”.

“Tem de haver mais jovens na Igreja e eventos como este promovem isso. A JMJ é isso, fala a linguagem dos jovens”, completa Anne-Cécile de Nouel.

Jochem Velthoven é padre em Breda, Países Baixos, e trouxe para Portugal um grupo em que metade dos jovens não são católicos, mas participam num coro e quis que sentissem tanta gente a viver a sua fé e “para ficarem mais perto de Deus”.

Os últimos a subirem ao palco foram a Banda Jota, composta por Jorge Castela, vocalista, o baixista Rui Manique, ambos padres, e outros elementos da Diocese da Guarda, que utilizam os sons pop e funk para veicularem desde há 20 anos a mensagem de que “Deus nos ama”.

Jorge Castela esteve em quatro JMJ e enfatiza que ver o Papa “é apenas um argumento para que aconteça esta sensação de caminharmos juntos”.

“É difícil explicar o que é a JMJ sem se viver. Mesmo quem o vive tem dificuldade em expressá-lo por palavras. É um momento de união”, sublinha o padre e vocalista da Banda Jota.

Na FÉsta das Nações participaram as comitivas de França, Países Baixos, Filipinas, Polónia, EUA, México, Moçambique, Guiné, Colômbia e Equador, mas também jovens de vários outros países, como São Salvador e o Brasil.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude, com o Papa Francisco, de 01 a 06 de agosto, e é considerado o maior acontecimento da Igreja Católica.


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