O Hospital Amato Lusitano (HAL) de Castelo Branco precisa de mais 44 médicos para “funcionar adequadamente” e atualmente tem cerca de 36 médicos tarefeiros no serviço de urgência, alertou hoje a Ordem dos Médicos do Centro.
“Nós percebemos nesta reunião que, efetivamente, havia grandes dificuldades, que têm sobretudo a ver com os recursos humanos médicos. E foi-nos dado aqui um número que é preocupante. Para o hospital seriam necessários 44 médicos para funcionar adequadamente, para suprir algumas das suas dificuldades, não todas as suas dificuldades. Este é um número mínimo para o funcionamento deste hospital”, afirmou o presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM).
Carlos Cortes falava aos jornalistas, depois de uma reunião com o Conselho de Administração (CA) da Unidade Local de Saúde (ULSCB) de Castelo Branco, direção clínica e diretores dos serviços de Urgência, Pediatria e Medicina Interna.
Este responsável disse que esta é uma primeira visita, porque a Ordem dos Médicos conta ir mais vezes a Castelo Branco para tentar perceber quais são as dificuldades que outros serviços, além do serviço de Urgência, têm neste hospital e também nos centros de saúde” da ULSCB.
“Detetámos aqui algumas dificuldades em alguns serviços: na medicina interna, pediatria, dificuldades em recursos humanos volto a salientar, na ginecologia obstetrícia e serão todos serviços que serão objeto de uma visita mais aprofundada da Ordem dos Médicos, inclusivamente com a presença dos colégios da especialidade”, frisou.
O objetivo das futuras visitas passa por avaliar o aspeto assistencial, quais as condições da prestação dos cuidados de saúde à população, além do aspeto formativo, para saber a capacidade que este hospital tem para formar especialistas.
“Devo dizer que este hospital é paradigmático daquilo que o Ministério da Saúde está a fazer de errado no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, acusou o presidente da SRCOM.
Adiantou ainda que o HAL tem 12 assistentes graduados seniores (topo da carreira médica), que são “muito importantes” para a organização dos serviços e para estabilizar as equipas nos hospitais.
“Num diploma recente do Ministério da Saúde, em que abriram 250 vagas de assistente graduado sénior para todo o país, este hospital solicitou a abertura de 12 vagas. Destas 12, o Ministério da Saúde atribuiu zero. Isto diz muito, infelizmente, das intenções em resolver os problemas dos hospitais que têm dificuldades. O hospital de Castelo Branco tem imensas dificuldades”, sustentou.
Carlos Cortes avançou ainda com os números referentes ao serviço de Urgência que atualmente, “tem à volta de 36 prestadores de serviço”.
“E o que é que isso significa? Não é uma opção do CA, em primeira mão, os prestadores de serviço. O CA quer e bem, e é isso que é necessário para o SNS, para este hospital e para o seu serviço de Urgência, contratar médicos para o quadro. Infelizmente, o Ministério da Saúde não tem dado condições para os médicos se estabelecerem aqui em Castelo Branco”, disse.
O responsável da SRCOM sublinhou que basta ver o histórico: “Basta ver, por exemplo, as vagas que têm sido abertas para este hospital, à volta de 06% de todas as vagas que foram abertas, nos melhores anos, na região Centro. Isso é muito insuficiente. E nós percebemos que, para o Ministério da Saúde, as dificuldades do hospital de Castelo Branco não são prioritárias, não são importantes. O hospital de Castelo Branco é um hospital esquecido do Ministério da Saúde”.
Carlos Cortes concluiu que, somando ao hospital de Castelo Branco todos os hospitais da região Centro, existe “um SNS a definhar, por grande responsabilidade e falta de capacidade de resposta do Ministério da Saúde”.