A Câmara de Vila Velha de Ródão denunciou à Direção-Geral de Energia e Geologia o reinício da atividade da central termoelétrica da Bioenergy, mas a administração da empresa nega e fala em testes de manutenção.
Numa carta a que a agência Lusa teve hoje acesso, dirigida ao diretor-geral da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG), o município de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco, refere que na sexta-feira, 21 de maio, verificou que a empresa “reiniciou a sua atividade normal e que à data de hoje [terça-feira] se encontra a laborar, situação que se constata pela libertação das emissões gasosas nos dois emissários que a empresa detém”.
A autarquia pede ainda informação sobre o despacho da DGEG, emitido em 08 de março, que determinou a suspensão da atividade da empresa e quer saber se este “já não se encontra em vigor”, e, em caso afirmativo, solicita informação sobre os “fundamentos da sua revogação”.
A DGEG, através de um despacho de 08 de março, determinou “a suspensão dos efeitos da licença de exploração atribuída à central termoelétrica da Bioenergy – Sociedade de Produção de Energia, S.A. pelo prazo de sete meses a contar da data de notificação do despacho, que se converterá em revogação da licença caso a fiscalização a realizar ateste a manutenção de irregularidades”.
O documento, assinado pelo diretor-geral João Bernardo, refere que “a suspensão poderá cessar antes do prazo fixado ou prolongar-se”, caso “as medidas necessárias sejam adotadas antecipadamente ao prazo fixado ou caso seja necessário prorrogação daquele prazo para a respetiva adoção”.
À Lusa, o administrador da central termoelétrica da Bioenergy disse que a empresa “está a realizar testes de manutenção”.
“O equipamento está parado há cerca de 80 dias. É imenso tempo e é preciso fazer a sua manutenção”, afirmou Nuno Carvalho.
Este responsável adiantou ainda que se encontra à espera de “luz verde” da DGEG para a central termoelétrica retomar o seu normal funcionamento.
Recentemente, a Comissão de Trabalhadores da central termoelétrica da Bioenergy manifestou a sua preocupação com a impossibilidade de a empresa laborar.
Numa carta dirigida ao diretor-geral da DGEG, os trabalhadores mostraram-se apreensivos com a impossibilidade da empresa “produzir energia, sua única fonte de rendimentos, o que deixa todos muito preocupados com a manutenção dos postos de trabalho”.
“Infelizmente, não temos tido por parte das autoridades políticas locais e nacionais qualquer contacto, nem ouvimos da parte dos mesmos qualquer palavra de conforto ou sossego. Não sentimos qualquer preocupação com os trabalhadores da fábrica, com os nossos postos de trabalho e com as nossas famílias. Ao longo dos últimos tempos sentimo-nos completamente abandonados”, lê-se na missiva.
Segundo a Comissão de Trabalhadores, na totalidade, dependem da empresa mais de 90 colaboradores diretos e todo o setor do azeite “será impedido de laborar”, caso a empresa “não consiga operar com normalidade”.