Serão 13 os concorrentes portugueses à partida do Rali Dakar de todo-o-terreno que no domingo arranca em Jeddah, na Arábia Saudita, depois de o navegador Filipe Palmeiro ter sido chamado à última hora.
Palmeiro estava, inicialmente, escalado para acompanhar o piloto chileno Boris Garafulic (Mini), mas a convulsão social que se vive atualmente naquele país da América Latina levou à desistência da participação na prova.
Contudo, nos últimos dias foi chamado pelo lituano Benediktas Vanagas (Toyota), cujo copiloto contraiu um vírus que o impede de estar presente na Arábia Saudita.
Vanagas participa pela oitava vez na prova e em 2019 terminou na 11.ª posição, atrás de Garafulic e Palmeiro.
Com a incorporação surpresa de Paulo Fiúza como navegador do francês Stéphane Peterhansel (Mini), subiu de 12 para 13 o número de portugueses em prova.
Além dos dois navegadores, nos automóveis participa ainda a dupla de Leiria Ricardo e Miguel Porém, aos comandos de um Borgward alemão, fazendo equipa com o espanhol Nani Roma.
“As expectativas para esta edição, a primeira em Auto [em 2019 fiz de SSV] são terminar, continuar a evoluir enquanto piloto e adquirir o máximo de experiência possível [ter o Nani Roma como colega de equipa irá ajudar-me nisso] e se possível terminar no top10”, referiu Ricardo Porém à agência Lusa.
Para já, a convivência com o piloto espanhol, vencedor em motas (2004) e em automóveis (2014), tem sido profícua para o português.
“Temos falado um pouco acerca de todo o Dakar, não de pontos específicos. Mas, sem dúvida que a regularidade e a concentração total ao longo das especiais são as que mais destaco”, revela Porém sobre os concelhos recebidos pelo experiente espanhol.
Nos SSV, Pedro Bianchi Prata navega ao lado do zimbabueano Conrad Rautenbach, que chegou a fazer o rali de Fafe (2006).
Nos camiões, são dois os portugueses à partida. José Martins (IVECO) alinha na prova de camiões como assistente rápido da Toyota Gazoo Racing, que faz alinhar o espanhol Fernando Alonso e o qatari Nasser Al-Attyiah, vencedor da prova em 2019.
Será uma prova de fogo para o português de 52 anos, que cresceu em França, onde correu em motocrosse e autocrosse antes de se dedicar ao Dakar. Entre as suas memórias está um rali Rota da Seda que quase acabou numa prisão do Casaquistão.
Entretanto, Bruno Sousa foi incorporado na equipa do alemão Mathias Behringer, como mecânico num MAN da South Racing, substituindo Lasse Ruehl, no camião que prestará assistência aos cinco SSV e um carro que a equipa faz alinhar na competição.
As motas congregam metade do contingente português. Além de Paulo Gonçalves e Joaquim Rodrigues Jr. na Hero, Mário Patrão (KTM) e António Maio (Yamaha), que nos últimos 15 anos dominaram o TT nacional, procuram ainda a sua afirmação nesta maratona.
Patrão, empresário de Seia, integra a equipa da KTM com o objetivo de lutar “por um lugar nos 20 primeiros”, depois de ter falhado a prova do ano passado por lesão.
“Estive oito meses arredado das competições para poder recuperar e quando regressei tentei disputar o maior número de corridas possível”, disse o piloto serrano, que em 2016 triunfou na classe maratona e concluiu a prova na 13ª posição.
Já o capitão da GNR António Maio espera redimir-se dos problemas mecânicos sofridos em 2019 e conseguir terminar “dentro do top-20”.
Nas motas participam ainda o luso-germânico Sebastian Bühler (KTM) e o luso-espanhol Fausto Mota (Husqvarna), um empresário de construção civil natural de Marco de Canavezes que há vários anos está radicado em Espanha.
O Rali Dakar (até 2008 era conhecido como Rali Paris-Dakar) é a mais longa e dura prova de rali em Todo-terreno do mundo. A prova acontecia anualmente na América do Sul, começando sempre na primeira semana de cada ano. Competem as categorias de automóveis, motos, camiões e quadriciclos.
Depois das dificuldades sentidas pela organização para realizar a edição de 2019 (face às recusas de Chile e Argentina em pagar os valores pedidos pela ASO) que acabou por realizar apenas no Peru, a ASO percebeu que o modelo sul-americano estava esgotado. Face à impossibilidade de voltar ao percurso original (devido à África Eco Race e também pela hostilidade dos governos locais à ASO devido à decisão de levar a prova para América do Sul), foram avançadas três possibilidades: Argélia, Angola/Namíbia e Arábia Saudita. A 4 de abril de 2019 foi revelado que o Dakar iria mesmo realizar-se a partir de 2020 na Arábia Saudita, num acordo com a duração de 5 anos
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