O primeiro-ministro, António Costa, mostrou-se ontem convencido de que a fronteira entre Portugal e Espanha poderá vir a gerar atratividade e riqueza, como acontece com outras fronteiras da Europa.
“Poderemos, com muito trabalho, muita dedicação, muito investimento e muita persistência, fazer desta fronteira o que as outras fronteiras são nos outros países da Europa: as zonas mais atrativas, que mais geram emprego, que mais geram riqueza e que mais potenciam o desenvolvimento do território”, afirmou, durante uma cerimónia em Vilar Formoso, na véspera de uma cimeira ibérica dedicada às regiões transfronteiriças.
António Costa esteve ontem na assinatura do contrato da empreitada de construção do troço final da autoestrada A25, entre Vilar Formoso e a fronteira com Espanha, que terá 3,5 quilómetros e custará mais de 13 milhões de euros. A obra deverá estar concluída no segundo trimestre de 2020.
Lembrando que é a véspera da cimeira luso-espanhola, que decorrerá em Valladolid (Espanha), António Costa frisou que se trata de “um momento muito importante” para o desenvolvimento das regiões transfronteiriças.
O primeiro-ministro disse que, se normalmente as zonas junto às outras fronteiras da Europa são as mais desenvolvidas dos respetivos países, “não é isso que acontece na fronteira entre Portugal e Espanha, desde o Norte, com a Galiza, até ao Sul, com a Andaluzia”.
Isto porque “esta fronteira foi construída ao longo de séculos não como um ponto de ligação, mas como uma vala, uma muralha, uma barricada” para afirmar a independência, referiu, considerando que essa herança histórica hoje “já não faz sentido” para Portugal e Espanha.
“Não temos nenhuma razão para que esta fronteira continue a ser um ponto de separação e não passe a ser aquilo que é importante que seja: um ponto de união”, defendeu.
Segundo o primeiro-ministro, para que isso aconteça, é preciso trabalhar em conjunto e, “ao longo de toda a fronteira, haver de um lado e de outro as boas condições para que ambos os países, ambas as regiões, todos os municípios, tenham uma dinâmica de desenvolvimento”.
“Nesta visão, esta região de fronteira deixa de ser a região com pior localização para o comércio internacional, mas passa a ser, seguramente, uma centralidade fundamental para o investimento no e para o mercado ibérico”, frisou.
António Costa referiu que a empreitada de construção do troço final da autoestrada A25 deve ser vista “como uma peça de 3,5 quilómetros no quadro de uma estratégia comum” que visa que Portugal seja um país mais competitivo externamente, para ter “mais recursos que ajudem a reforçar a coesão interna”.
“Se o país tiver a persistência de dar continuidade, sem hesitações, a uma estratégia política bem definida”, poderá aproveitar a oportunidade de estar próximo “do coração de um mercado de 60 milhões de habitantes”, ao invés de se focar apenas em dez milhões de habitantes, acrescentou.