Cerca de cem pessoas participaram hoje, na Guarda, numa vigília contra o encerramento da Unidade de Cuidados Intermédios de Cardiologia no hospital local e exigiram ao Governo a colocação de mais especialistas naquela região do interior.
Daniela Araújo, uma das dinamizadoras da vigília, realizada junto de uma das entradas para o parque onde se localiza o Hospital Sousa Martins, disse aos jornalistas que a iniciativa pretendeu alertar a administração da Unidade Local de Saúde (ULS) e o Governo para o problema.
A ULS da Guarda anunciou, no dia 02 de julho, que foi “temporariamente ajustada a oferta assistencial” no Hospital de Sousa Martins, com a redução de 16 camas em vários serviços e o encerramento da Unidade de Cuidados Intermédios de Cardiologia.
“O objetivo principal [da vigília], obviamente, é mostrar à administração da ULS e também ao nosso ministro [da Saúde] que, de facto, há pessoas a lutar por este serviço e que queremos este serviço na Guarda”, justificou Daniela Araújo.
Referiu que já foram ditas “muitas desculpas” para o fecho da unidade, mas o serviço “sempre esteve a funcionar” e se houvesse mais camas, “mais seriam preenchidas”.
“Este serviço é necessário, ele sempre funcionou e queremos que continue a funcionar, pelo bem dos utentes que temos na Guarda”, disse.
Com o serviço encerrado, o atendimento aos doentes da região será feito em Viseu ou Coimbra, alertou.
A médica internista Cristina Sequeira desafiou o Governo e o ministro da Saúde a pensarem “bem” em medidas para fixar médicos nas especialidades em que existem muitas carências no hospital da Guarda, como é o caso do serviço de cardiologia, que tem apenas dois médicos.
“O Governo tem que olhar para o interior, ver os hospitais em que faltam especialistas e em que áreas, que áreas têm que preencher o mais depressa possível, de modo a não chegarmos a este caos (…), senão a mortalidade aumenta por falta de cuidados mais diferenciados”, declarou à Lusa.
Na vigília marcaram presença pessoas que já foram atendidas na Unidade de Cuidados Intermédios de Cardiologia e que defendem a sua continuidade no hospital da cidade mais alta do país.
Manuel Mariano, de 63 anos, referiu que a Guarda “tem necessidade absoluta deste serviço” e considera “inadmissível” que não se mantenha em funcionamento.
Já Manuel Jerónimo, de 59 anos, lembrou que quando necessitou foi “bem recebido” naquela unidade, por isso, defende a sua continuidade e o reforço de especialistas.
Isabel Metelo de Seixas, natural da Guarda, a residir no Algarve, contou que veio de propósito à cidade para participar na vigília, pois é utente do serviço de cardiologia do Hospital Sousa Martins, em quem “confia”, tendo-se mostrado indignada com a decisão.
A ULS da Guarda anunciou, no dia 02 de julho, que foi “temporariamente ajustada a oferta assistencial” no Hospital de Sousa Martins que incluiu o encerramento da Unidade de Cuidados Intermédios de Cardiologia, “passando o Serviço de Medicina Intensiva a assegurar as situações de necessidade na área, nas camas de cuidados intermédios que lhe estão alocadas”.
Na quinta-feira, a presidente do Conselho de Administração, Isabel Coelho, disse que as quatro camas daquela unidade fecharam no dia 01 de julho porque “não estavam a funcionar como tal”.