UBI integra Campanha Portuguesa à Antártida

O docente Rui Fernandes e o bolseiro Bento Martins participam no Programa Polar Português, numa missão científica que se prolonga até março.

A Universidade da Beira Interior (UBI) está envolvida na missão científica da Campanha Antártica Portuguesa 2017-18, através de um projeto liderado pelo docente Rui Fernandes. O coordenador do projeto LATA – Loadings And Tectonics of Antartica Peninsula vai deslocar-se à Base Antártica da Primavera, mantida pela Argentina, juntamente com bolseiro Bento Martins, ambos do SEGAL – Space & Earth Geodetic Analysis Laboratory, sediado na UBI.

O Programa Polar Português (Propolar) fretou um avião para levar quatro cientistas portugueses e 101 estrangeiros até à ilha de Rei Jorge, na Antártida. No entanto, os dois investigadores da UBI serão transportados até à Península Antártica pelo barco espanhol Hespérides, o que mostra a colaboração internacional que suporta os projetos realizados na Antártica.

A participação no Propolar 2018 surgiu na sequência do concurso aberto por este programa, tendo o LATA sido considerado um dos projetos a apoiar. Em 2016, na sequência da primeira aprovação do Programa, foi possível ao LATA instalar uma estação permanente Global Navigation Satellite Systems (GNSS) na Base Primavera, o que foi feito por outro investigador do SEGAL, Pedro Gabriel Almeida.

A atual missão irá realizar-se entre 14 de fevereiro e 18 de março e tem como objetivo “atualizar o sistema instalado, nomeadamente adicionando sistemas de backup que permitam ter energia durante o ano inteiro – a base está fechada no inverno antártico – e também preparar a instalação de um novo equipamento (marégrafo) em 2019, caso o projeto seja novamente aprovado para financiamento”, explica Rui Fernandes, docente do Departamento de Informática da UBI.

A investigação não seria possível apenas com uma estação, daí que sejam usadas outras estruturas semelhantes instaladas na região. Ainda segundo o docente da UBI, o projeto “contribui para a aquisição de dados numa região onde anda existe uma grande falta de sistemas de observações”. Este trabalho é ainda realizado com o suporte do C4G – Colaboratório para as Geociências, consórcio de 14 instituições que é liderado pela Universidade da Beira Interior. Tem também o apoio da EFAPEL, empresa que patrocina financeiramente o projeto, dado que o apoio do Propolar não é suficiente para cobrir todos os custos.

O LATA pretende estudar as cargas oceânicas que causam oscilações da crusta terrestre de vários centímetros e cuja incerteza ainda é muito grande na região e estudar a atividade tectónica, a qual está associada com a atividade sísmica na região (incluindo o sul da América do Sul).

Esta missão prevê ainda nos últimos dias a instalação no sul da Argentina (em El Calafate) de uma segunda estação GNSS, esta numa colaboração existente entre o SEGAL e o JPL (laboratório da NASA) para a instalação de uma rede global de estações GNSS.


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