“A prática denunciada pelo PAN trata-se, na realidade, de uma tradição que consiste em partir um ovo com um pau, de olhos vendados, sendo o galo (vivo) o prémio para quem conseguir tal proeza”, refere a autarquia de Seia em comunicado hoje enviado à agência Lusa.
A autarquia comprova a tradição da aldeia de Várzea de Meruje com o envio de um vídeo onde se vê um jogador, de olhos vendados, a tentar acertar com um pau num ovo que está colocado no solo.
“A denominada ‘morte do galo’ é uma tradição das Festas do Santíssimo Sacramento que ocorre na localidade de Várzea de Meruje, concelho de Seia, e que apenas no nome remete para a morte de um animal”, sustenta o comunicado.
Acrescenta que a Irmandade do Santíssimo Sacramento, “face ao escalar da situação para a comunicação social, sentiu a necessidade de emitir um esclarecimento sobre a matéria, no qual reafirma não existir qualquer violência para com animais”.
No esclarecimento da instituição, lê-se que o jogo em questão, apelidado de “morte do galo”, “não consubstancia nenhuma violência para com os animais, já que não será morto qualquer galo”.
O PAN anunciou, na terça-feira, que pretende impedir a prática da “morte do galo”, anunciada para as festas do Santíssimo Sacramento, em Várzea de Meruge, no concelho de Seia, de 08 a 11 de setembro.
Em comunicado, o PAN refere que a prática, em que o galo “é agredido sucessivamente com um pau até morrer”, foi denunciada junto do Ministério Público, da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e da Câmara Municipal de Seia, no distrito da Guarda.
Segundo o PAN, a prática, apresentada no programa das festas “na qualidade de atividade de entretenimento”, ocorrerá a 11 de setembro no recinto da festa, junto à Casa do Povo de Várzea de Meruge, “local onde um galo é preso perante a assistência ao mesmo tempo que são vendadas as pessoas que se inscrevem para participar” no “‘jogo'”.
“Estas pessoas são chamadas uma a uma, tendo na sua posse um pau com o qual é suposto desferirem pauladas sucessivas até que o galo morra. O galo é consecutivamente agredido com o pau, agonizando lentamente fruto dos ferimentos, até que alguém finalmente o consiga matar. Quem conseguir por fim matar o galo ganha-o como prémio”, explica a nota enviada à agência Lusa.
O PAN alertou ainda o Ministério Público, a DGAV e a Câmara Municipal de Seia para o incumprimento da regulamentação estabelecida para o abate de animais, “uma vez que o galo é preso pelas patas e morto à ‘paulada'”.
“Pedimos a intervenção urgente para que se impeça este jogo anacrónico, digno da época medieval, uma prática aterradora e atentatória do bem-estar animal que contraria claramente a legislação aplicável”, refere no comunicado André Silva, deputado do PAN.
A autarquia de Seia considerou hoje tratar-se de uma “notícia infundada”, esclarecendo que a mesma “é falsa e constitui um ato de ‘má-fé'”, concluindo que “tem como objetivo prejudicar a imagem do concelho e o bom nome” da instituição.
PAN quer impedir “morte do galo” em aldeia do concelho de Seia