As queijadas de urtiga são confecionadas por Amélia Reis, de 70 anos, residente na aldeia de Juncais, a partir de uma receita que tem como ingredientes açúcar, farinha, leite, ovos e urtiga.
“A ideia nasceu do nosso grão-mestre da confraria. Uma vez que eu era confrade, um dia ele lançou-me o desafio de arranjar um bolo onde se pudesse adaptar a urtiga. Então eu, com uma receita que tinha, comecei a fazer experiências”, contou Amélia Reis à agência Lusa.
A mulher lembra que fez várias experiências em torno da queijada e que, à terceira, “ficou no ponto”.
“Eles [confrades] aprovaram e a partir daí tenho confecionado as queijadas de urtiga”, explicou.
Comparando a confeção da queijada de urtiga com outro bolo, diz que “as voltas são idênticas, a única coisa que tem [de diferente] é o preparar a urtiga”: “Temos que ir apanhar a urtiga, prepará-la para quando pretendemos fazer [o bolo] termos a urtiga já preparada, porque a urtiga não se pode introduzir vinda do campo. Tem de ser lavada, cozinhada, passada e depois então é que é introduzida no bolo”.
Amélia Reis mostra-se “um bocadinho orgulhosa” por a receita da queijada de urtiga ter resultado e o próximo passo é a sua legalização e colocação no mercado.
A Confraria da Urtiga, criada em maio de 2009, em Fornos de Algodres, tem incentivado a utilização daquela planta na gastronomia local.
“Neste momento, temos já alguns produtos que são incontornáveis de Fornos [de Algodres], nomeadamente a questão da alheira de urtiga, temos as sopas, temos algumas experiências nos queijos, temos o pão e temos, proximamente, um produto que irá ser lançado e eventualmente registado, que é a queijada de urtiga”, disse à Lusa o grão-mestre, Manuel Paraíso.
Segundo o responsável, a confraria também lançou este ano a primeira experiência na produção de bombons de chocolate com recheio de urtiga.
“A urtiga tem um potencial muito grande” e “uma panóplia muito grande de utilizações, não só nas entradas, como nas sopas, como em qualquer prato de peixe e de carne. É uma planta com um grande potencial nutritivo e que casa muito bem com tudo aquilo que envolve”, referiu.
O grão-mestre aponta, com satisfação, que já estão no mercado dois enchidos confecionados com urtiga: a “alheira de urtiga” e a “urtigueira” (semelhante à alheira).
O próximo objetivo da confraria é disponibilizar aos interessados na confeção de produtos à base daquela planta um espaço devidamente licenciado e legalizado.
Nesse sentido, adianta que o antigo centro de dia da aldeia de Juncais, que está sem utilidade, será requalificado como cozinha comunitária.
A urtiga, que tem o nome científico de “urtica dioica”, é uma planta selvagem que cresce nos campos de forma espontânea.