Aberto concurso para Memorial a Aristides de Sousa Mendes em Vilar Formoso

A Câmara Municipal de Almeida anunciou hoje a abertura do concurso público para construção, na fronteira de Vilar Formoso, do Memorial aos Refugiados e Cônsul Aristides de Sousa Mendes.

Segundo o autarca António Baptista Ribeiro, o concurso, que foi publicado na terça-feira em Diário da República, tem o valor base de 765 mil euros.

O projeto do Memorial aos Refugiados e do Cônsul Aristides de Sousa Mendes vai ocupar dois antigos armazéns da Infraestruturas de Portugal, antiga Refer, junto da estação dos caminhos-de-ferro de Vilar Formoso, indicou.

António Baptista Ribeiro adiantou à agência Lusa que o projeto de recuperação dos dois antigos armazéns para as novas funções, integrado na Rede de Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, para além de evocar a memória do cônsul Aristides de Sousa Mendes, também será dedicado aos judeus e aos refugiados da 2.ª Guerra Mundial.

Entre os dias 17 e 19 de junho de 1940, Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Portugal em Bordéus, assinou 30 mil vistos para salvar pessoas do holocausto nazi, contrariando as ordens do Governo de Salazar, situação que o levaria à expulsão da carreira diplomática.

Em novembro de 2014, quando a autarquia de Almeida apresentou publicamente o projeto do espaço museológico e documental, o seu presidente explicou que foi pensado para a fronteira de Vilar Formoso por a Linha da Beira Alta estar associada a Aristides de Sousa Mendes e os refugiados terem entrado em Portugal de comboio.

A arquiteta Luísa Pacheco Marques disse na ocasião que o memorial será “um hino à vida” e assentará em conteúdos multimédia e interativos.

Nos dois antigos pavilhões da estação ferroviária serão instalados seis núcleos expositivos relacionados com as temáticas “Gente como nós”, “Início do pesadelo”, “A viagem”, “Vilar Formoso fronteira da paz”, “Por terras de Portugal” e “A partida”.

O equipamento foi pensado para contar a História dos refugiados e “tentar que o visitante sinta na pele o que foi a vida do refugiado em 1940”, disse.

O projeto, a par da recuperação do edifício da “Esnoga de Malhada Sorda”, é apoiado pelo Estado Português e pelo EEA Grants “2009-2014”, um mecanismo financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA) através do qual a Noruega, Islândia e o Liechtenstein financiam diversas áreas prioritárias de ação junto dos países beneficiários do Fundo de Coesão da União Europeia.

O autarca de Almeida adiantou à Lusa que nesta altura decorre o projeto de recuperação da “Esnoga” da aldeia de Malhada Sorda, da autoria do arquiteto João Campos.

As obras no edifício que os habitantes associam como tendo ligação à antiga comunidade judaica local “estão em curso e ficarão concluídas em junho/julho deste ano”.

António Baptista Ribeiro considera que os dois projetos são “importantes para o desenvolvimento turístico” do concelho de Almeida, situado no distrito da Guarda, junto da fronteira com Espanha.


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