Maravilhas da região à descoberta no Google

É a maior atualização do património cultural português no Google. Desde segunda-feira há 57 novos locais que se podem visitar virtualmente, do Mosteiro dos Jerónimos ao Castelo de Guimarães, passando pela vila de Óbidos ou a Serra da Estrela.

Portugal está na moda, já se sabe. E agora, além de destino turístico para férias também pode ser um destino para se passar um bom tempo em frente ao computador a descobrir as suas muitas maravilhas. Palácios, castelos e monumentos, mosteiros e jardins, parques naturais, ruínas e aldeias históricas estão desde segunda-feira disponíveis para consulta no Google numa parceria com a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC). O objetivo é não só promover o património cultural português como atrair a si um maior número de visitantes. 57 locais podem ser descobertos desde já mas mais devem ser acrescentados à lista num futuro próximo.

Grande parte dos monumentos e locais disponíveis para consulta situam-se na região de Lisboa mas é possível ficar com um quadro geral do património de Portugal com esta nova oferta do Google. Podemos, por exemplo, visitar o Castelo de Silves e logo de seguida o de Monsaraz. Subir até Lisboa e aí perder-nos na baixa pombalina, passear pelos Jardins de Belém e entrar no Mosteiro dos Jerónimas, visitar Sintra e conhecer o Palácio Nacional de Sintra ou o Castelo dos Mouros, continuar em direcção a norte e parar no Mosteiro da Batalha e passar pelas ruínas de Conimbriga. Descansar no Parque da Cidade, no Porto, e descobrir o Alto Douro Vinhateiro, viajar até à Sé de Braga e ao Castelo de Guimarães, terminando a jornada nas ruínas da Cidade Velha de Santa Luzia, em Viana do Castelo.

São estes alguns dos 57 locais a que o Google chamou Maravilhas de Portugal. É assim que nos apresenta através de duas plataformas: o Google Cultural Institute e o Street View. Também é possível aceder a todo este património através do Google Maps. Todas as imagens que vemos estão em alta definição para que possamos apreciar em detalhe. A diferença entre os monumentos disponíveis no Google Cultural Institute e no Street View é que no primeiro podemos ainda ver ao pormenor e com a devida informação algumas das obras de arte ali expostas.

Na apresentação à imprensa desta iniciativa, o secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, destacou como “vários destes bens culturais e paisagísticos integram a lista classificada de Património da Humanidade da UNESCO”. “Saúdo o Google pela iniciativa de digitalização de imagens a 360 graus de importantes marcos patrimoniais de diferentes regiões de Portugal, e que contribuem para a divulgação do património cultural português”, disse ainda Barreto Xavier, para quem este este trabalho que contou com o apoio da DGPC “representa um esforço positivo de valorização de Portugal”.

Sobre a escolha dos locais, aos jornalistas Barreto Xavier explicou que o Estado “não interferiu diretamente”. Mas houve um trabalho de “acompanhamento técnico, de valorização da presença e de referenciação daquilo que achamos ser os monumentos mais importantes”.

Ao PÚBLICO, Vicky Campetella, responsável de comunicação do Google em Portugal e Espanha, disse que a seleção dos locais é feita por “uma equipa de especialistas internos que fazem toda a pesquisa para se identificarem os locais mais relevantes tanto no seu aspeto histórico como no aspeto turístico”. Questionada sobre se esta aposta do Google surge do boom turístico a que o país tem assistido, Campetella admite que este é um fator a ser tido em conta pelo gigante tecnológico mas lembra que há muito que a empresa aposta em Portugal: começou em 2010 com o centro histórico de Évora.

Este é, na verdade, um trabalho que não acaba. “A recolha de hoje é a maior desde que começámos mas é só uma fase, queremos continuar com este trabalho, especialmente agora que Portugal está a bombando em turismo”, diz, garantindo que o Google está aberta a novas propostas. “E vamos continuar a pesquisar para ver quais os lugares mais interessantes a acrescentar”, continua.

António Lamas, presidente do Centro Cultural de Belém e da Estrutura de Missão da Estratégia Integrada de Belém, responsável por delinear um plano estratégico para aquela zona de Lisboa, já tem até mais monumentos para acrescentar à lista. Desta zona, fazem parte os jardins e o Mosteiro dos Jerónimos e Lamas quer que todo o conjunto patrimonial integre o projeto como forma exatamente de promover o eixo Belém-Ajuda. Quer por isso que entrem nas Maravilhas de Portugal instituições como o Museu Nacional dos Coches, o Museu Nacional de Etnologia, o Museu Nacional de Arqueologia ou o Palácio da Ajuda e depois fazer com que o site de Belém tenha ligações para o Google. “Belém precisa de investimentos destes para divulgação”, diz o responsável, defendendo que o projecto que o Google apresentou nesta segunda-feira são uma montra para mostrar que em Belém há muito mais para visitar, além da Torre de Belém do Padrão dos Descobrimentos e dos Jerónimos. “O esforço agora é levá-los também a esta rede”, diz Lamas, que conhece este projeto tecnológico desde os tempos em que dirigia a Parques Sintra. Foi na sua direção que o Palácio Nacional de Sintra e o Palácio de Monserrate entraram para o Google. E não tem dúvidas: “Isto influencia o número de visitantes, sobretudo porque chega a um público estrangeiro”.

No Google, Vicky Campetella diz que não existem estudos que estabeleçam esta relação entre visitas virtuais e visitas reais mas garante que há registos que provam que “disponibilizar as imagens na Internet tem tido impacto directo na quantidade de visitantes nos locais”.

“Esperamos, tanto a nível cultural como económico, que esta projecção possa valorizar, por um lado a Cultura por si só, e por outro as visitas a Portugal”, atesta Barreto Xavier.

O Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado e o Museu Colecção Berardo, em Lisboa, a Fundação Dionísio Pinheiro e Alice Cardoso Pinheiro, em Águeda, ou o Museu do Caramulo são algumas das instituições portuguesas já presentes na plataforma do Google.


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