Cavaco Silva intervinha na sessão comemorativa dos 900 anos do foral de Arganil, durante a qual também lhe foi atribuída a Medalha de Ouro do município, presidido pelo social-democrata Ricardo Pereira Alves.
“A interioridade, mais que um estigma, tem de ser um estímulo” para que, “com engenho e arte”, se encontrem “novos caminhos de crescimento e de afirmação identitária”, sustentou o chefe de Estado.
“A alteração que se tem vindo a verificar na base económica do concelho de Arganil é disso um bom exemplo”, afirmou Cavaco Silva, apelando para que a interioridade não seja um motivo de desânimo, nem sirva “apenas para reivindicar compensações por desvantagens que a combinação da geografia e da história possam representar”.
É preciso saber “olhar para os recursos endógenos de cada região” e “assumir o desafio de melhorar a vida” dos municípios do interior, “a partir daquilo que é a sua realidade”, apelou o Presidente da República. “Há que aperfeiçoar redes turísticas que convocam toda [esta] região, como são os casos das Aldeias Históricas e das Aldeias de Xisto”, exemplificou Cavaco Silva.
Defendendo “uma interacção de todos, que vá para além das fronteiras de cada município”, o chefe de Estado sublinhou que “cumpre aos autarcas, como a todas as entidades públicas, levar a cabo uma gestão equilibrada, rigorosa e consciente dos orçamentos que lhes estão atribuídos”. As populações “já perceberam que os desperdícios e as extravagâncias orçamentais a nível municipal, tal como a nível nacional, prejudicam as suas condições de vida”, frisou.
Depois de lembrar que “Portugal vai começar a utilizar, muito em breve, os fundos de um novo quadro comunitário de apoio”, O Presidente da República considerou estas verbas “um instrumento essencial para incentivar o crescimento da nossa economia e a criação de emprego qualificado”.
“Apresar do caminho já percorrido, das reformas já realizadas e dos resultados positivos alcançados, é evidente que há muito por fazer e que os tempos adversos não acabaram”, alertou. “Devemos desconfiar das promessas ilusórias e de um futuro de facilidades e pouco exigentes”, advertiu Cavaco Silva.
Portugal “não pode voltar a regredir na sua competitividade face ao exterior”, não pode “permitir que um novo desequilíbrio das contas externas e das finanças públicas ponha em causa o futuro dos nossos filhos e dos nossos netos”, conclui.