Covilhã tinha "racismos de classe e divisão entre ricos e pobres" defendeu José Sócrates

O antigo primeiro-ministro José Sócrates defendeu esta 2ª-feira, na Covilhã, a importância de valorizar o “valor da igualdade” e do “interesse coletivo”, em detrimento dos valores individuais, nas escolhas políticas que se tomam.

O interesse individual existe, é certo, mas existe também o interesse coletivo e é nessa fronteira, nesse jogo entre a liberdade e a igualdade, que se jogam hoje as melhores escolhas políticas”, afirmou.

José Sócrates falava na sessão solene comemorativa do 144.º aniversário da elevação da Covilhã a cidade, cerimónia na qual recebeu a “Chave da Cidade” e a Medalha de Ouro de Mérito Municipal.

Homenagem que disse receber com “muita emoção” porque “nada se compara a uma distinção que testemunha a estima que um político recebe dos seus próprios conterrâneos”, afirmou Sócrates, para depois enaltecer todo o papel que a Covilhã, cidade onde cresceu e iniciou a vida política, teve na sua formação.

José Sócrates assumiu “uma dívida de gratidão” para com a terra e as pessoas – a qual prometeu saldar com “um escrito” – e explicou que aprendeu a “valorizar o ideal da justiça social” ou “o valor da igualdade”, exatamente, por ter vivido na cidade que era a “mais industrial do país”, mas também aquela onde havia “segregação social”, “racismos de classe” e “divisão entre ricos e pobres”.

“Aqui não havia igualdade de oportunidades, aqui não havia escola para todos, aqui não havia acesso à saúde para todos e foi por isso que, de forma instintiva e natural, a valorização da igualdade fez de mim o que sou hoje: um socialista, um socialista que sempre teve consciência que o essencial das escolhas políticas se joga sempre à volta da consideração entre a liberdade e a igualdade”, sublinhou.

O antigo líder do Partido Socialista (PS) referiu igualmente que “ser socialista, basicamente, é valorizar o valor da igualdade”, o qual deve ser “temperado com o da liberdade”, pondo assim “alguns limites aquilo que foi endeusado por muitos como sendo o interesse individual”.

Durante a cerimónia, José Sócrates apontou que os restantes motivos pelos quais está agradecido à cidade onde cresceu se prendem com questões familiares, como a do facto de ter sido aí que o pai se realizou profissionalmente.

Do ponto de vista pessoal, vincou que ele próprio foi feliz na cidade serrana, onde também aprendeu o valor e a importância do bairrismo e onde, hoje, à despedida, foi aplaudido por vários populares que o esperavam à porta dos Paços Concelho.

Já o presidente da Câmara Municipal da Covilhã, Vítor Pereira (PS) garantiu que a homenagem não se prende com mero bairrismo e sim com um “merecido e singelo” o reconhecimento pelo trabalho que José Sócrates sempre desenvolveu a favor da Covilhã e da região.

O autarca recordou várias das obras que foram concretizadas na região no período de governação de José Sócrates.


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