Já não serão as primeiras, nem resultará em fusões ou novas universidades, mas a partir da primeira semana de março as universidades da região Centro deverão dar os primeiros passos para definir uma nova forma de administrar os seus interesses.
A exemplo do que sucedeu com as universidades do Porto, Minho e Trás-os-Montes, que no passado dia 9 oficializaram a criação do primeiro consórcio de ensino superior português (UNorte.pt), as três universidades do Centro vão «conversar» sobre diferentes formas de colaboração. A possibilidade de poderem desenvolver projetos comuns ou apresentar candidaturas a fundos comunitários de forma conjunta terá sido, como no Norte, uma das primeiras razões para despoletar estas «primeiras conversas», segundo fonte contactada pelo jornal O INTERIOR. Mas as oportunidades que abrem esta aproximação entre as universidades vão muito para além das eventuais candidaturas a fundos comunitários. As três instituições sabem que a atração de alunos estrangeiros é cada vez mais determinante para o seu futuro e, em conjunto, têm muito mais capacidade de sucesso.
Com a formalização desta aproximação, também a coordenação do número de vagas e o isolamento de oferta de cursos comuns deverá ser considerada. A Universidade de Coimbra é a mais antiga de Portugal, mas nem por isso pode ficar isolada à espera que o prestígio seja o garante do futuro; a Universidade de Aveiro é moderna e tem cada vez mais argumentos entre as novas tecnologias e os cursos técnicos, mas não ganhou o futuro por ter parcerias com multinacionais; a Universidade da Beira Interior deu um enorme salto em frente com a Faculdade de Ciências da Saúde e a afirmação da sua diversidade formativa, mas nem tem dimensão nem referências que lhe permitam ficar à espera que por artes mágicas os alunos demandem a Serra sem fazer nada nesse sentido – as três, juntas, ou próximas, sabem que têm muito a ganhar. É esse caminho que os respetivos reitores vão iniciar na primeira semana de março: caminhar, estrategicamente, por forma a «dar escala e dimensão» ao conjunto num mundo cada vez mais globalizado e concorrencial.
Recorde-se que o primeiro consórcio de ensino superior em Portugal nasceu num momento em que o debate sobre a reforma do setor prevê a possibilidade de fusões ou consórcios entre instituições e uma racionalidade de oferta formativa. O governo deverá apresentar em breve as linhas orientadoras para essa reorganização, isto depois de goradas as negociações que aproximaram UBI e Politécnicos da Guarda e Castelo Branco.