ULS da Guarda aumenta número de camas para evitar transferências para outros hospitais

A Urgência do Hospital da Guarda está sem medicina interna aos feriados e aos fins de semana por indisponibilidade dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias.

A diretora clínica da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, Fátima Cabral, revelou hoje que há mais camas no internamento no Hospital da Guarda para acolher os doentes que permaneciam na Urgência e para evitar a transferência para outros hospitais quando não há medicina interna.

“Aumentámos o número de camas para haver mobilização de doentes que permaneciam no serviço de urgência, na véspera de entrarmos nesse encerramento de medicina interna na Urgência, para continuar a prestar cuidados sem terem de ser transferidos”, explicou a responsável, hoje à tarde, aos jornalistas.

Fátima Cabral admitiu que a medida “poderá não ser muito bem aceite”, porque significa “mais carga de trabalho” para os médicos e para os enfermeiros.

“Mas nós não podemos como profissionais de saúde deixar de prestar os cuidados de saúde que nos são exigidos. Há horas a mais nos médicos, também os enfermeiros estão a realizar horas a mais. Isso vai criar algum impacto nos enfermeiros e assim como nos médicos, aqueles que estão a trabalhar trabalham um pouco mais”, admitiu.

A Urgência do Hospital da Guarda está sem medicina interna aos feriados e aos fins de semana por indisponibilidade dos médicos em fazerem mais horas extraordinárias.

Os doentes nesses dias têm sido transferidos através dos centros de saúde e via Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para unidades de saúde vizinhas, nomeadamente para a Covilhã e Viseu.

“Quando sabemos qual vai ser o impacto nas escalas de serviço, fazemos a informação para o CODU, serviços de atendimento permanente e serviços de urgência de maneira que os doentes sejam orientados”, explicou a diretora clínica.

Fátima Cabral não soube precisar quantos doentes da ULS tiveram de ser transferidos durante o fim de semana, mas pelas informações que recolheu regressaram ao hospital da Guarda hoje de manhã dois doentes e estava prevista a chegada de mais dez, transferidos de Viseu.

Assim que estão estabilizados, os doentes da ULS da Guarda são transferidos para a Guarda.

“Seria uma sobrecarga enorme se os outros hospitais ficassem com os doentes que recebem ao fim de semana”, salientou Fátima Cabral.

A diretora clínica admitiu que as coisas têm corrido “menos mal”.

“Não podemos dizer bem. Isso era se nós pudéssemos prestar todos os cuidados necessários. Continuamos a reforçar que na urgência só quem é urgente e que os utentes devem procurar os seus médicos de família, contactar a Saúde 24 e evitar ir diretamente o serviço de Urgência”.

Sobre a eventualidade de se agravar a situação a partir do dia 01 de novembro com a indisponibilidade dos médicos de Anestesiologia e de Cirurgia, Fátima Cabral salientou que “é impossível fazer uma previsão”.

“Tudo depende do acordo que possa ser feito entre a direção executiva do SNS e os sindicatos. Não depende de nenhum conselho de administração. Só podemos organizar os serviços de maneira a minimizar o impacto que tem nos casos de doentes urgentes”, argumentou.


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