A Santa Casa da Misericórdia de Seia, no distrito da Guarda, está a desenvolver um projeto de inovação social que pretende “estimular e autonomizar a vida da pessoa com demência”, foi hoje anunciado.
O projeto “VAMOS Sentir, Estimular e Autonomizar a Vida” tem como objetivo geral “desenvolver, implementar e aperfeiçoar de forma contínua uma metodologia de intervenção personalizada junto da pessoa com demência, baseada nas melhores práticas de cuidados e nos conceitos associados à ruralidade, acompanhamento e monitorização, envolvendo a rede de cuidadores formais e informais, de modo a preservar, melhorar ou prolongar a qualidade de vida e a autonomia dessa pessoa”.
A iniciativa, que tem como missão “sentir, estimular e autonomizar a vida da pessoa com demência”, está direcionada para um universo de cerca de 35 pessoas seniores com demência não institucionalizadas, do concelho de Seia.
Por outro lado, ao nível dos cuidadores informais, a Santa Casa da Misericórdia de Seia estima envolver 15 pessoas, familiares ou tutores das pessoas com demência que não se encontram institucionalizadas na Estrutura Residencial para Pessoas Idosas.
Segundo o provedor Paulo Caetano, o “VAMOS Sentir, Estimular e Autonomizar a Vida” iniciou-se em 22 de junho de 2020, mas a pandemia de covid-19 “retardou a evolução e desenvolvimento do projeto, uma vez que a atividade se realiza essencialmente no domicílio das pessoas/utentes”.
“Estamos nesta fase a dar início ao trabalho de campo, com a intervenção junto de cinco utentes que foram referenciados e um cuidador informal”, adiantou hoje o responsável à agência Lusa.
De acordo com a instituição promotora, “o que sustenta este projeto e as atividades desta Iniciativa de Inovação e Empreendedorismo Social é a perda de autonomia da pessoa com demência”.
“Atualmente, não existe prevenção ou cura para a maioria das formas de demência. Todavia, existem medicações disponíveis que podem reduzir alguns sintomas. A ajuda da família, amigos e cuidadores pode fazer uma diferença positiva na forma de lidar com a doença. O suporte é vital para as pessoas com demência”, justifica.
A fonte assinala que “existe em Portugal uma lacuna imensa e intransponível no que concerne à resposta para o cuidado e acompanhamento das pessoas, principalmente idosas diagnosticadas com demência”.
O projeto tem três eixos de atuação: “Vamos Intervir” (fase de diagnóstico, definição de objetivos/necessidades e plano de intervenção para a pessoa com demência), “Campo dos Sentidos” (desenvolvimento de atividades do plano de intervenção e atividades nucleares aplicáveis a todos e as atividades específicas feitas à medida) e “Vamos Capacitar” (criação e partilha do ‘Kit’ do Cuidador Informal da pessoa com demência).
Segundo a Santa Casa da Misericórdia de Seia, a candidatura foi apresentada com 181.744,40 euros e foi aprovada com 179.044,40 euros (financiamento público de 125.331,08 euros e financiamento de investidores sociais de 53.713,32 euros).
A Misericórdia de Seia tem como parceiros no projeto a Câmara Municipal, a União das Freguesias de Seia, São Romão e Lapa dos Dinheiros e a empresa Azufarma.