O piloto Sacadura Cabral, que protagonizou com o navegador Gago Coutinho a primeira travessia aérea do Atlântico sul, foi promovido, a título póstumo, ao posto de contra-almirante, anunciou a Marinha.
“O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, homologou a promoção por distinção a título póstumo ao posto de Contra-almirante do Capitão-de-fragata Artur de Sacadura Freire Cabral. A proposta de promoção foi efetuada por deliberação do Conselho de Chefes de Estado-Maior, sob proposta do Chefe de Estado-Maior da Armada, e aprovada por despacho do ministro da Defesa Nacional”, lê-se num comunicado enviado à imprensa.
A Marinha realça que Sacadura Cabral “ficou intimamente ligado à aviação naval”, descrevendo-o como um “oficial temerário, e um hábil piloto” que em 1922, “juntamente com Gago Coutinho executa com sucesso a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro, feito épico que os catapultou para as páginas da História de Portugal e da aviação mundial”.
“No ano em que se cumprem 100 anos do seu desaparecimento, no cumprimento de uma missão, esta promoção, a título póstumo, a contra-almirante é a mais singela homenagem a um militar da Marinha, que, se não tivesse desaparecido prematuramente, a sua promoção ao almirantado surgiria de forma natural, tais as qualidades por si demonstradas e desempenho até então”, lê-se no comunicado.
Em 15 de novembro de 1924, descolaram de Amesterdão três hidroaviões — “Fokker” 4146; “Fokker” 4194 e “Fokker” 4197 — comandados por Sacadura Cabral com destino a Lisboa.
“O 4146, comandado pelo Capitão-de-Fragata Sacadura Cabral e o Cabo mecânico Pinto Corrêa, nunca mais foi visto, sendo dado o alarme a todas as bases francesas e inglesas e aos navios que navegavam na região. Quatro dias depois foram encontrados no mar fragmentos de um flutuador do hidroavião de Sacadura”, é lembrado.
Artur de Sacadura Freire Cabral nasceu em 23 de maio de 1881, em Celorico da Beira, distrito da Guarda, e com dezasseis anos ingressou na Escola Naval, como Aspirante de Marinha, tendo sido o primeiro classificado do seu curso.
Em 30 de março de 1922 teve início a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, protagonizada por Sacadura Cabral, piloto, e Gago Coutinho, navegador, a bordo do hidroavião Fairey III, batizado “Lusitânia”, tendo como destino final o Rio de Janeiro.
Nesta viagem, que enfrentou algumas dificuldades, foram utilizadas três aeronaves e só depois de terem sido percorridas 4.527 milhas em 62 horas e 26 minutos, Sacadura Cabral e Gago Coutinho chegaram ao Brasil, em 17 de junho desse ano.