A administração da ULS da Guarda assume como principal objetivo a atração de médicos e garante que “tudo fará” para que se fixem na região, mas pede ao poder central medidas “diferenciadas” para cativar especialistas.
“Estamos muito empenhados em ter instalações dignas, bem apetrechadas, com equipamentos bons, mas não queremos ter só os tijolos, também queremos ter os ‘miolos’”, disse à agência Lusa a presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda.
Para isso, Rita Figueiredo espera contar com o apoio do Governo porque “a Guarda não pode competir com capitais de distrito do litoral por não ter para oferecer os mesmos recursos não só ao nível da saúde, mas também de infraestruturas”.
“Como as pessoas nos abandonam, depois também nos abandonam os serviços, a indústria e outros focos de atração”, sublinha.
“Acho que tem de haver sinergias dos poderes locais e centrais que nos permitam ter armas distintas para lutar contra as particularidades que tornam o nosso território mais frágil. Com ‘armas’ iguais a outras ULS não conseguimos atrair as pessoas porque falta-nos toda uma estrutura urbana”, considera a jurista, que preside à ULS guardense há 15 dias.
Rita Figueiredo fala em “políticas públicas distintas” para as unidades de saúde do interior fixarem especialistas e sugere mesmo que se volte “a encarar a possibilidade de majorações fiscais, que já estiveram em vigor”, e assim contribuir para a fixação de pessoas e empresas.
“É preciso por no papel políticas que nos ajudem a atrair as pessoas que precisamos”, defende a responsável que iniciou funções a 22 de outubro.
À agência Lusa, a presidente da administração hospitalar guardense disse também que conta com todos os funcionários da ULS, a maior empregadora do distrito, para “promover mais, melhores e mais humanizados cuidados de saúde” à população.
“Estamos preocupados em ter uma ULS mais forte, com mais capacidade de resposta, mas também estamos muito motivados para que quem se manteve por cá, com muita resiliência, queira permanecer”, assume.
Nesse sentido, o novo Conselho de Administração quer apostar em “intercâmbios formativos” com outras ULS e serviços hospitalares do país para que os médicos e enfermeiros da Guarda possam “estudar, evoluir e concretizar novas tarefas na sua área”.
“Queremos que sintam que aqui, onde também existe uma universidade [a da Beira Interior, sediada na Covilhã], podem construir uma carreira que lhes traz satisfação emocional e profissional”, afirma Rita Figueiredo, para quem “a ULS sem os seus trabalhadores é um edifício, não é nada”.
Aos utentes, a responsável deixa a garantia de que a ULS da Guarda tem “equipas excelentes, preparadas, e tem sempre uma resposta”, porque “o SNS funciona em rede”.
“Ninguém fica sem ser atendido ou sem cuidados de saúde, há sempre uma resposta de proximidade. Pode não haver a 5 minutos, mas há a 10 ou 15”, assegura Rita Figueiredo.
Com o Conselho de Administração ainda incompleto, a presidente espera que o diretor clínico para os cuidados primários seja nomeado “nos próximos dias, nas próximas semanas”. Atualmente, o cargo é assumido pelo diretor clínico para os cuidados hospitalares, Nuno Sousa, que deverá, dentro em breve, cessar a direção do serviço de Urgências do Hospital Sousa Martins, na Guarda.
Completam a nova administração da ULS Imaculada Ponciano, como vogal executiva com o pelouro financeiro, e Hugo Terras, no cargo de enfermeiro-diretor. Por nomear está também o vogal a indicar pela Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela (CIMBSE).
A ULS da Guarda inclui os hospitais da Guarda e de Seia e assegura os cuidados de saúde em 13 dos 14 concelhos do distrito da Guarda, num total de 140 mil habitantes.