Os vereadores da oposição na Câmara da Guarda chumbaram ontem a contratação de um empréstimo para financiamento de investimentos municipais, tendo sido acusados pelo presidente de estar “a gozar” com o concelho.
“Os vereadores estão a gozar com a Guarda. Porque chumbaram-nos o orçamento no final do ano de 2023, agora chumbam-nos o empréstimo. Não sabemos o que irão chumbar mais. A única preocupação são os fins eleitoralistas”, acusou Sérgio Costa eleito pelo movimento Pela Guarda no final da reunião do executivo desta segunda-feira.
O autarca admitiu ter ficado surpreendido com a decisão da vereadora do PS e dos três eleitos do PSD, tendo em conta que a intenção de contrair o empréstimo já tinha sido aprovada em reunião de Câmara e em Assembleia Municipal.
Sérgio Costa assinalou que estava em causa apenas aprovar as entidades bancárias.
O empréstimo de 7,6 milhões de euros (ME), a pagar num prazo de 20 anos, destinava-se a suportar os investimentos que estão a ser feitos nas freguesias para requalificação das estruturas danificadas pelos incêndios de 2022, reparar danos das cheias e intempéries e obras de requalificação do parque infantil do Parque Urbano do Rio Diz e estaleiros municipais.
Os vereadores da oposição defenderam que se a autarquia tem recursos próprios, não veem necessidade de contrair um empréstimo.
“É um encargo muito forte para a autarquia tendo em conta uma altura em que se avizinham muitos gastos, nomeadamente na área do parque habitacional”, argumentou a vereadora do PS Adelaide Campos.
O vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, sugeriu que o executivo aproveite os seis milhões de euros que estão no cofre para suportar financeiramente os projetos. O autarca defendeu que se a Câmara tem fundos próprios seria “um erro estratégico” assumir encargos com um empréstimo.
O presidente da Câmara sublinhou que a atitude dos eleitos do PS e do PSD merece “uma reflexão muito séria”, admitindo a possibilidade de suspender algumas das obras já em curso, amputar e anular outras.
Sérgio Costa acusou os vereadores da oposição de quererem “provocar o caos” e de quererem “assaltar a tesouraria” da Câmara da Guarda”.
Na reunião desta segunda-feira, o executivo aprovou a abertura de um concurso para a transformação de um edifício em residência de estudantes, com 120 camas, num investimento de quatro ME.
O projeto pretende requalificar o imóvel onde atualmente está instalado o Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil das Beiras e Serra da Estrela, na Rua António Sérgio, que será transferido para as antigas instalações da Associação Comercial da Guarda.
O executivo aprovou ainda o projeto de execução de regeneração do Vale do Cabroeiro, obra que irá permitir a construção de um novo acesso entre a VICEG (Via de Cintura Externa da Guarda) e o centro da cidade, na rotunda dos Efes, conhecida também como rotunda da Ti Jaquina.
O presidente da Câmara da Guarda avisou que para a concretização desta obra, que será “uma verdadeira revolução nos acessos à cidade”, será necessário um empréstimo.