Mais de 400 professores do distrito da Guarda estão sem colocação

Na hora de serem divulgadas as listas de colocação dos professores, os números falam mais uma vez por si: no distrito da Guarda, 367 professores do Quadro de Zona Pedagógica (QZP) e 56 contratados estão, por agora, sem horários, ou seja, não lhes foi atribuída qualquer escola onde lecionar no ano letivo 2015/2016, que começa em meados deste mês.

Este é o retrato da profissão no distrito, mas a realidade nacional é ainda mais assustadora. Dos 25.296 candidatos à contratação inicial, foram contratados 3.782 professores, o que significa que cerca de 21.500 profissionais ficaram de fora. A estes números somam-se mais 1.194 professores do QZP e Quadro de Zona de Escola (QZE) que estão neste momento com horário zero. Deste grupo apenas 11.396 conseguiram uma escola para lecionar. Resta ainda preencher 2.132 dos 17.850 horários pedidos pelas escolas, o que traz alguma esperança aos profissionais que ficaram de fora nesta fase. Ainda assim, não restam dúvidas para a dirigente distrital da Guarda do Sindicato de Professores da Região Centro (SPRC) que «a maioria dos professores ficará sem colocação, pelo menos no início do ano», uma vez que 30 por cento dos docentes de quadro estão ainda com horário zero e, dos contratados, apenas 10 por cento já tem uma escola.
Apesar das turmas serem cada vez maiores, Sofia Monteiro diz não perceber como é que estes números se repetem todos os anos, pois em 2011 aposentaram-se mais de 15 mil professores e dois mil rescindiram. A isto somam-se a idade da escolaridade obrigatória que aumentou e o ensino do inglês ter passado a ser obrigatório no primeiro ciclo, «o que deveria significar a contratação de mais professores». Para a dirigente do SPRC, há apenas uma explicação, estes dois últimos pontos «apenas vieram trazer mais trabalho aos professores, em vez de ser feita uma distribuição». «O que deveria ser uma medida para melhorar a qualidade do ensino, não o é na verdade», afirma a sindicalista.Para Sofia Monteiro, a «reorganização do ensino superior, sabendo que o mercado de trabalho está lotado» e «maior organização no recrutamento de professores» ajudaria a combater «o número elevado e incompreensível» de professores que todos os anos ficam de fora.

A esses, resta agora tentar a sua sorte através da Bolsa de Contratação de Escola (BCE), destinada às escolas TEIP (Territórios Educativos de Intervenção Prioritária), havendo ainda duas reservas de recrutamento para situações que surgem no início do ano letivo, resultantes da substituição de docentes por doença, ou maternidade. No caso dos professores que pertencem aos quadros, ou seja que são já efetivos, e que mantiverem a situação de horário zero até 31 de janeiro do próximo ano, entram num processo de requalificação profissional e verão o seu ordenado reduzido em 40 por cento e posteriormente, se não exercerem a profissão durante 90 dias consecutivos, o vencimento fica reduzido em 60 por cento. No início do ano letivo passado 917 professores estavam com horários zero, tendo até fevereiro o número reduzido para 15. Sofia Monteiro acredita que este número «deve aumentar este ano», sendo dos grupos de primeiro ciclo, EVT, português e francês a maior fatia.


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