A estratégia para o futuro passa por segurar os profissionais de saúde na região, aliando a vertente clínica, a investigação e a docência, numa parceria entre CHCB e UBI.
“Nós formamos e o grande problema que tínhamos tido até esta altura era que grande parte dos nossos alunos acabavam por ter que migrar para outros locais”, explica o presidente da Faculdade de Ciências da Saúde (FCS) da UBI. “Sob esse ponto de vista, uma das missões da FCS, que é contribuir para o enriquecimento e a consolidação do tecido de prestação de cuidados de saúde na região, acabava por cair por terra. Assim sendo, o número crescente de médicos que regressam ou que se fixam no Interior é fundamental”, sublinha Luís Taborda Barata, que diz sentir “uma grande satisfação” pelos mais recentes números. “É quase o fechar de um ciclo”, considera.
Apesar de 15 em 26 profissionais representar um rácio importante, aquele responsável lembra que a maior parte, por enquanto, “ainda são alunos que estão no ano comum, e só ficaremos mais descansados quando virmos um número progressivamente maior de internos de especialidade a ficar residentes e, mais ainda – aí é que será a conclusão do ciclo – quando tivermos jovens especialistas a, ostensivamente, designarem este como o local de eleição para desenvolverem as suas atividades profissionais”.
De resto, a estratégia passa por incentivar os profissionais a prosseguirem com a investigação científica na UBI. Nesse sentido, “a FCS tem-se articulado com as unidades de saúde locais, estabelecendo uma parceria, de forma a que se possa tornar mais apelativa a vinda para o Interior, nomeadamente, em termos de colaboração no ensino e na investigação”. Luís Taborda Barata assegura mesmo que “há alguns alunos e ex-alunos com muito boa diferenciação profissional que optaram por regressar precisamente porque lhes interessa muito ter essa continuidade, que não seja apenas a prestação dos cuidados de saúde, mas também, complementá-la com investigação e ensino”.
O presidente da FCS destaca a importância desta forma de pensar o desenvolvimento da medicina, até porque, “em termos internacionais está mais do que demonstrado que as unidades de saúde que têm também um envolvimento forte no ensino e na investigação são melhores unidades de saúde. E é isso que tem caraterizado estas unidades de saúde articuladas com a Faculdade e, portanto, todos nós beneficiamos”.
Taborda Barata reitera que “tudo aquilo que sejam iniciativas conjuntas com as entidades de saúde têm o nosso apoio total, precisamente para mostrarmos que há um projeto de qualidade no Interior e que vale a pena ficar cá”. A estratégia aplica-se, “não só aos nossos alunos que sabem que existe, mas também a alunos formados noutras universidades, que nos interessa atrair para o Interior”.
O presidente do CHCB assegura que os novos elementos “estão sensibilizados e nós fizemos questão de lhes relembrar essa possibilidade de enveredarem por carreiras académicas e desenvolverem a investigação clínica, que é uma área que precisa de ser mais dinamizada”. Miguel Castelo-Branco lembra que “Portugal está a aumentar a produção científica na área da ciência clínica e nestes últimos anos tem tido um incremento muito positivo, pelo que, é óbvio que o CHCB e a UBI têm todo o ambiente propício para que, dentro de si próprias, possa haver esta dinamização e esta criação de nova ciência e de novo saber”.
Sublinhando a “enorme satisfação” pela escolha do CHCB por parte dos novos internos, lembra a “dupla satisfação por uma boa parte deles terem sido alunos da FCS da UBI”. A intenção é “fazer um esforço no sentido de aumentar as capacidades formativas para as formações já de especialidade, permitindo que esta vontade, que é manifesta de continuarem por cá, se continue a poder exprimir”, até porque, “o que tem acontecido é que, havendo vagas nas especialidades pretendidas, optam sempre por ficar”.