Encontro transfronteiriço debate problemas das zonas raianas

Segundo a organização, no encontro, que deverá juntar cerca de 60 participantes de ambos os lados da fronteira, serão analisados os temas das infraestruturas, da saúde, da educação e do despovoamento.

A Frente Cívica de Vilar Formoso – Fuentes de Oñoro e o Fórum Cívico Ibérico vão organizar, no fim de semana, um Encontro Transfronteiriço de Desenvolvimento, em Espeja (Espanha), para a discussão de problemas que afetam as zonas raianas.

Segundo a organização, no encontro, que deverá juntar cerca de 60 participantes de ambos os lados da fronteira, serão analisados os temas das infraestruturas, da saúde, da educação e do despovoamento.

“É um encontro que visa levantar os problemas da nossa zona raiana, tanto de um lado como do outro”, disse hoje à agência Lusa Olga Afonso, porta-voz da Frente Cívica de Vilar Formoso – Fuentes de Oñoro.

A responsável acrescentou que os organizadores do evento irão elaborar um documento com as conclusões do encontro, para ser entregue aos governos de Portugal e de Espanha na 32.ª cimeira ibérica a realizar no dia 28 de outubro, em Trujillo, na comunidade autónoma espanhola da Extremadura.

Olga Afonso adiantou à Lusa que o levantamento “das preocupações e das dificuldades das pessoas” das zonas raianas servirá para “fazer pressão aos governos português e espanhol, no sentido de os alertar para essas questões e, sobretudo, para que as coisas não fiquem no papel”.

“O que se sente, e apesar de ter passado um ano de pandemia e nós sabemos que isso também é limitativo, é que, na última cimeira [realizada na Guarda, no dia 10 de outubro de 2020] assinou-se a estratégia comum de desenvolvimento transfronteiriço mas, na prática, ainda não se realizou nada”, acrescentou.

Referiu que os promotores pretendem “pressionar os governos, de forma que essas medidas sejam implementadas, se tornem reais, e não apenas virtuais e que estejam apenas escritas num papel”.

Outro dos objetivos do encontro a realizar na povoação de Espeja, situada a cerca de 12 quilómetros da fronteira de Vilar Formoso (concelho de Almeida, distrito da Guarda), “tem a ver exatamente com a cooperação transfronteiriça”.

“Ou seja, nós pretendemos que as pessoas de um lado e do outro se conheçam”, referiu Olga Afonso, admitindo que “a grande vitória” seria o surgimento de “projetos comuns” a ambos os lados da fronteira.

A iniciativa também pretende fazer com que se formem “associações de associações”, para que a voz dos residentes “seja cada vez maior” a nível governamental e da União Europeia.

“Nós somos muito esquecidos e, depois, só somos lembrados quando querem explorar os nossos recursos. Mas não se lembram que as pessoas que cá vivem também têm as suas ambições, os seus sonhos, e também precisam de ter qualidade de vida”, disse a porta-voz da Frente Cívica de Vilar Formoso – Fuentes de Oñoro.

Serão oradores na iniciativa, que tem início marcado para sábado, às 15:00, no pavilhão da localidade espanhola de Espeja, Helena Alves (médica investigadora no Porto, que falará de saúde), Pablo Castro Abad (presidente da Plataforma Civil Ibérica, educação), António García Salas (coordenador do Corredor Sudoeste Ibérico, infraestruturas) e Ana Morillo (presidente da Associação Viriatos Zamora, que abordará o tema do despovoamento).

De acordo com o programa do encontro, que tem como tema geral “Unidos seremos mais fortes”, no domingo, às 15:00, realiza-se um espetáculo de danças sevilhanas com a atuação do grupo “Taconeos de la Raia”.


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