Crimes de Aguiar da Beira deixaram habitantes “incrédulos” e marcam as conversas

“Hoje não se comenta outra coisa. Uns dizem uma coisa e outros outra e a gente não sabe o que dizer nem o que pensar”, disse hoje à agência Lusa Dilma Rodrigues, de 51 anos.

Os crimes cometidos na terça-feira em Aguiar da Beira, na Guarda, uma vila do interior do país, fazem hoje as conversas do dia e causam desconforto nos habitantes que ficaram “incrédulos” com o caso.
“Hoje não se comenta outra coisa. Uns dizem uma coisa e outros outra e a gente não sabe o que dizer nem o que pensar”, disse hoje à agência Lusa Dilma Rodrigues, de 51 anos.
A mulher, que trabalha diariamente num café da vila, referiu que o ambiente é hoje “mais calmo” do que na terça-feira, quando os crimes ocorreram e a população foi surpreendida com a tragédia e a “confusão foi grande”.
“Pobre de quem morreu”, disse Dilma, acrescentando que as pessoas que falam do assunto demonstram “medo” porque “não se fala de outra coisa na televisão” e dizem que “foram inocentes para debaixo da terra”.
Sandra Sena, de 43 anos, que a Lusa também contactou num restaurante de Aguiar da Beira, contou que o tema “é conversa de café”.
“Não se fala de outra coisa”, sublinhou, frisando que na vila “está tudo mais ou menos assustado, porque não é normal este tipo de situação”.
Segundo a mulher, as pessoas lamentam as mortes [do militar da GNR e de um civil] “por serem pessoas conhecidas” e porque o que se passou “podia acontecer a qualquer um”.
Ainda assim, Sandra Sena reconhece que os habitantes não se queixam de falta de segurança.
O comandante dos bombeiros de Aguiar da Beira, António Ferreira, disse à Lusa que a rotina regressou hoje ao quartel após a ocorrência “atípica” de terça-feira.
O assunto continua a marcar as conversas entre os habitantes, disse, tendo em conta que também “continua a perseguição” ao suspeito.
“Não está instalado o medo [junto da população], porque, sabe-se minimamente, o paradeiro do indivíduo”, disse, notando, no entanto, a existência de “um desconforto geral por parte da população pelos intervenientes baleados serem do concelho”
Disse que o sentimento de “desconforto” é normal por se tratar de um município do interior “onde toda a gente se conhece”.
“As pessoas estão incrédulas. Estamos numa zona pacata, é uma situação bastante atípica e nada fazia prever” o que aconteceu, concluiu o comandante.
O pároco de Aguiar da Beira, Jorge Gomes, disse à Lusa que nestes momentos “mais [importante] do que palavras é a presença, o estar com quem está a sofrer”.
Em termos do ambiente vivido na vila, o sacerdote relatou que “neste momento ainda há um bocadinho a situação do choque, mas as pessoas estão a querer consciencializar-se da realidade em si”.
Jorge Gomes referiu-se ainda à morte do militar da GNR, que está a ser muito sentida, por se tratar de “um jovem da terra, que se dava bem com toda a gente e desempenhava as suas funções como cidadão e como cristão”.
Um militar e um civil foram assassinados a tiro na terça-feira em Aguiar da Beira, localidade do distrito da Guarda, onde também um outro militar e uma civil ficaram feridos com gravidade.
Na sequência do tiroteio em Aguiar da Beira, a GNR montou uma operação policial na zona de São Pedro do Sul, no distrito de Viseu, com o objetivo de capturar o suspeito dos crimes.

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