Comboios Intercidades com “boa qualidade” do serviço móvel, mas troços sem cobertura de rede

Do total de amostras, a tecnologia mais utilizada foi 4G, com 53% dos registos, tendo o regulador verificado a utilização de tecnologia 5G em 32% dos registos efetuados.

Os comboios Intercidades da CP apresentam “boa qualidade” do serviço móvel, mas existem zonas da linha sem cobertura de qualquer rede, podendo a MEO, NOS e Vodafone melhorar o desempenho, informou hoje a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom).


“Apesar de, globalmente, existir sinal de rádio e elevadas taxas de estabelecimento de chamadas com sucesso (98%) e de terminação bem-sucedida de chamadas (94%), existem algumas zonas da linha em que não existe qualquer uma das redes móveis, nomeadamente nos túneis mais distantes dos grandes centros urbanos e junto ao estuário do Sado”, conclui um estudo realizado pelo regulador para avaliar o desempenho dos serviços móveis prestados pelos vários operadores no serviço Intercidades da CP – Comboios de Portugal.


Segundo a Anacom, “os locais em que se verifica a ausência de cobertura e consequente inexistência de serviço móvel impossibilitam, nomeadamente, o acesso ao número de emergência 112 e apresentam-se assim como boas oportunidades de melhoria do desempenho e serviço proporcionado pelas redes móveis da MEO, NOS e Vodafone”.


Efetuado “por solicitação da CP, que considera que as comunicações móveis são um fator relevante para a revitalização do transporte ferroviário”, o estudo baseou-se num trabalho de campo que decorreu entre abril e julho de 2022 e visou avaliar a qualidade dos serviços prestados em 2G, 3G, 4G e 5G em vários troços ferroviários do serviço Intercidades: Lisboa–Évora; Lisboa–Guarda; Lisboa–Beja; Lisboa–Faro; Pampilhosa–Guarda; Porto–Braga; Porto–Guimarães; Porto–Valença; Porto–Lisboa.


No total, foram feitas 11.560 chamadas de voz, 11.242 testes NET.mede e 389.611 registos de sinal rádio, numa extensão de cerca de 5.400 quilómetros percorridos.


“Do total de registos obtidos, verificou-se globalmente indicação de cobertura (existência de sinal rádio) em mais de 99% das amostras, das quais 87% correspondem a valores de qualidade entre ‘aceitável’ e ‘muito bom’. Sem cobertura, registaram-se menos de 1% das amostras, não existindo diferenças significativas entre operadores”, avança a Anacom.


Do total de amostras, a tecnologia mais utilizada foi 4G, com 53% dos registos, tendo o regulador verificado a utilização de tecnologia 5G em 32% dos registos efetuados.


A Anacom conclui que “o serviço de voz apresenta um bom desempenho global, com uma taxa de sucesso na acessibilidade (estabelecimento de chamada com sucesso) de 98% e uma taxa de terminação bem-sucedida de chamadas (as que se concretizaram e se concluíram com sucesso) de 94%, sem diferenças significativas entre operadores”.


“Observam-se, contudo, algumas zonas das linhas do serviço Intercidades em que é mais difícil o estabelecimento ou manutenção das chamadas”, contrapõe.


“Pela negativa”, o regulador destaca os troços Portela–Trofa; Pampilhosa–Mortágua; Mangualde-Fornos de Algodres; Rodão–Abrantes; Pombal–Entroncamento; Vendas Novas–Casa Branca; Casa Branca–Évora; Pinhal Novo–Grândola; Ermidas Sado–Funcheira; Funcheira–Santa Clara Saboia e Santa Clara Saboia–Messines Alte, nos quais “se verifica, simultaneamente, um fraco desempenho dos três operadores”.
Quanto ao serviço de dados, apresentou um “desempenho global razoável, com taxas de sucesso de testes (iniciados e concluídos) de 85%, sendo o melhor desempenho obtido pela MEO”.


“Os testes NET.mede registam razoáveis velocidades médias de transferência de dados em ‘download’/’upload ‘superiores a 80 Mbps/15 Mbps [megabit por segundo], respetivamente, com o melhor resultado a ser obtido pela NOS”, nota a Anacom.


No entanto, acrescenta, “constata-se que a variabilidade nos resultados é bastante elevada, com máximos em ‘download’ e ‘upload’ de 1074 Mbps e 147 Mbps e mínimos de 0,1 Mbps (quer em ‘download’, quer em ‘upload’)”.


De acordo com o regulador, também na análise do serviço de dados “se verificam zonas dos troços ferroviários em que este se degrada ao ponto de apresentar falhas”.


“Pela negativa”, identifica os troços Portela–Trofa; Pampilhosa–Mortágua; Mortágua–Santa Comba Dão; Mangualde–Fornos de Algodres; Rodão–Abrantes; Fundão–Castelo Branco; Pombal–Entroncamento; Entroncamento–Santarém; Santarém–Vila Franca de Xira; Pinhal Novo–Vendas Novas; Vendas Novas–Casa Branca; Casa Branca–Alcáçovas; Casa Branca–Évora; Pinhal Novo–Grândola; Grândola–Ermidas Sado; Ermidas Sado–Funcheira; Funcheira–Santa Clara Saboia; Santa Clara-Saboia–Messines-Alte e Albufeira (Ferreiras)–Loulé, “nos quais se registam fracos desempenhos pelos três operadores”.


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