A Assembleia Municipal de Castelo Branco aprovou hoje a primeira revisão ao orçamento municipal para 2022, com um reforço de mais 22 milhões de euros, face ao inicialmente previsto.
“No que respeita à primeira revisão ao orçamento no ano de 2022, importa relembrar que o mesmo foi fortemente condicionado por várias vicissitudes, de que destacamos as opções assumidas pelos órgãos municipais no anterior mandato que representaram a assunção de compromissos para 2022, num valor que supera os 25 milhões de euros”, afirmou o presidente da Câmara de Castelo Branco, Leopoldo Rodrigues (PS).
Realçou ainda “o elevado volume de compromissos” assumidos pelo anterior executivo, a transitar para o orçamento de 2022, acrescido das despesas associadas ao peso da estrutura da Câmara de Castelo Branco, nomeadamente despesa com pessoal, encargos com instalações e serviços da dívida, entre outros.
Segundo o autarca socialista, esta situação obrigou à inclusão parcial do saldo da gerência a apurar para o ano de 2021, num montante de aproximadamente 15 milhões de euros.
“A inclusão de uma parte significativa do saldo de gerência de 2021 não resulta de uma opção, mas sim de uma necessidade, por forma a dotar a autarquia de meios financeiros que a permitam ser mais competitiva”, frisou.
Leopoldo Rodrigues frisou também que os 38 milhões de euros introduzidos no saldo de gerência de 2022, cerca de 25 milhões correspondem a compromissos assumidos pelo anterior órgão autárquico.
A Assembleia Municipal de Castelo Branco tinha aprovado, por maioria, em dezembro de 2021, o orçamento municipal para 2022, no valor de 66 milhões de euros.
Na altura, o PS e a coligação PSD/CDS/PPM votaram favoravelmente, o Sempre — Movimento Independente e o MPT optaram pela abstenção e o Chega votou contra.
Hoje, em sessão extraordinária, a primeira revisão às grandes opções do plano e orçamento do ano de 2022 do município de Castelo Branco foi aprovada, por maioria, com os votos favoráveis do PS e da coligação PSD/CDS/PPM, os votos contra do Chega e do Sempre e a abstenção do MPT.
Contudo, a sessão ficou marcada com várias trocas de acusações e críticas entre o PS, o Chega e o Sempre.
João Ribeiro (Chega) perguntou mesmo como é que a atual Câmara do PS se queixa do anterior executivo socialista: “Não foi o anterior orçamento aprovado pelo PS?”.
O deputado municipal disse “que o PS é o pai do executivo que estava na câmara municipal” e mostrou-se preocupado porque a altura é de “apertar o cinto”.
“Mas, o que é que fazemos? Gastamos mais dinheiro. E, é isto que está a acontecer”, realçou.
Já o deputado do Sempre, Armando Ramalho, disse que passados dois meses da aprovação do orçamento para 2022, surge a necessidade de um reforço em 33,7%, da dotação orçamental.
“Isto só vem reforçar que o orçamento aprovado (em dezembro) pela Assembleia Municipal será o pior orçamento dos últimos anos”, sublinhou.
O deputado do Sempre adiantou que se optou pelo mais fácil, reforçar.
“O PS apenas se limitou a atirar dinheiro para cima dos problemas”, concluiu.
O deputado municipal do PS, João Carvalhinho teceu duras críticas à postura do Sempre, classificando as suas posições políticas como atos de “pura malvadez”.
Sublinhou que a revisão já estava prevista no orçamento aprovado em dezembro de 2021 e reforçou a ideia de que o orçamento “está fortemente condicionado por compromissos assumidos e não pagos pelo anterior executivo (cerca de 26 milhões de euros)”.
Entre o vasto rol de críticas dirigidas ao Sempre e ao seu líder, o ex-presidente da autarquia, Luís Correia, o socialista afirmou ainda que se assistiu a uma “tentativa de inviabilização” e a “uma tentativa de boicote” por parte do Movimento Independente.