A vereadora Cecília Amaro, responsável pelo Gabinete Técnico Florestal da Câmara Municipal da Guarda, disse à agência Lusa que o castanheiro está proposto “para o concurso nacional ‘Árvore do ano 2021’, no qual será votada a árvore mais interessante” que “irá representar Portugal no concurso europeu ‘Tree of The Year 2021’”.
O exemplar, que se localiza junto da aldeia de Guilhafonso, na área da freguesia de Pera do Moço, no concelho da Guarda, tem “reconhecido valor histórico, paisagístico, social e ambiental”, aponta.
No mandato autárquico anterior, devido ao declínio que o castanheiro apresentava, “a Câmara Municipal da Guarda e os seus técnicos propuseram ao executivo municipal a realização de uma avaliação fitossanitária e de segurança”.
O executivo encomendou um estudo ao professor Luís Martins, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e à sua equipa, que revelou que o declínio do castanheiro se devia “essencialmente ao agravamento dos designados fatores de predisposição (idade, dimensão da árvore, períodos de seca e carências nutricionais), por agressões episódicas de origem natural (queda de um raio) e por ação do homem (compactação do solo)”, segundo a autarca.
No seguimento das recomendações de Luís Martins para “mitigar os efeitos da compactação causada pelo homem e dos estragos”, a autarquia tomou várias medidas.
“Uma das medidas mais importantes foi impedir o acesso, a circulação e o estacionamento de viaturas automóveis com instalação de uma vedação, por parte do município”, lembra Cecília Amaro.
Foi também proposta a intervenção cirúrgica de corte de ramos secos e com excesso de líquenes, incidindo em apenas 20% de toda a copa, que foi efetuada pela equipa e pelos técnicos do setor de jardins da autarquia da Guarda.
“Na área de projeção da copa foi ainda efetuado pela mesma equipa do município o corte mecânico de infestantes, bem como a aplicação de calcário dolomítico e aplicação de estrume bem decomposto com a finalidade de elevar o pH do solo e melhorar os níveis de fertilidade”, lembra.
“Atualmente, o estado geral e o vigor do castanheiro de Guilhafonso melhoraram e são monitorizados com regularidade por parte dos técnicos da Câmara Municipal da Guarda”, remata a vereadora.
O castanheiro de Guilhafonso, com uma idade estimada em 500 anos, tem 18,5 metros de altura, 8,5 metros de perímetro à altura do peito e 26 metros de diâmetro da copa.
O gigantesco exemplar, situado próximo da estrada que liga as cidades da Guarda e de Pinhel, está classificado como árvore de interesse público desde 1971.
É propriedade da Câmara Municipal da Guarda, que o adquiriu há mais de uma década, juntamente com o terreno, com o objetivo de assegurar a sua preservação.
Os habitantes locais garantem que são precisas nove pessoas para abraçar o seu tronco.
“É considerado o maior castanheiro da Europa e produziu, em 1987, meia tonelada de castanha da variedade rebordã”, escreve Mário Cameira Serra no livro “O Castanheiro e a Castanha na Tradição e na Cultura” (1990).