A Cáritas Interparoquial de Castelo Branco revelou na sexta-feira passada, 2 de setembro, sentir um aumento no número de pedidos de apoio provocado pelo agravamento do custo de vida, sobretudo de famílias que trabalham e que nunca tinham recorrido à organização.
“Houve um agravamento no número de pedidos de apoio. E, agora, o que sentimos é que famílias que nunca tinham pedido apoio (até trabalham) estão a recorrer [à Cáritas]. A Cáritas centra-se, sobretudo, em assegurar os bens de primeira necessidade e estamos agora a ser procurados por estas ‘novas’ famílias”, disse à agência Lusa a presidente da direção da Cáritas Interparoquial, que integra as três paróquias de Castelo Branco.
Fátima Santos explicou que há um histórico em torno de toda esta situação que se tem vindo a agravar desde o início da pandemia da covid-19.
“A pandemia já fez aumentar os pedidos de ajuda. E a guerra [Ucrânia] agravou ainda mais a situação, porque chegaram refugiados”, frisou.
A presidente da Cáritas sublinhou que se nota uma grande diferença nos pedidos de apoio. E, a título de exemplo, explicou que, comparando o segundo trimestre de 2021 com o segundo trimestre de 2022 (da pandemia para a guerra), houve “mais de 1.500 atendimentos”.
Já sobre o aumento de pedidos de apoio das “novas” famílias que trabalham, mas cujo rendimento já não chega para fazer face às despesas, “atualmente são mais de duas dezenas que estão a recorrer à Cáritas”.
“O Estado não está a responder a estas famílias. Estamos a ter uma especial atenção para estas famílias”, sustentou.
Fátima Santos salientou que a Cáritas será sempre um complemento e não se pode substituir aos apoios do Estado.
Adiantou ainda que, durante os meses de julho e agosto, tem havido também um aumento de pedidos de apoio na Cáritas Interparoquial de Castelo Branco, sobretudo de famílias brasileiras.
“Nestes dois últimos meses foi uma coisa muito significativa, tendo em conta o nosso contexto”, sustentou.
Esta responsável realçou a generosidade que a comunidade local tem manifestado em relação a esta organização comunitária.
Contudo, salientou que, com o agravamento da crise, “já se nota um pouco que as pessoas não estão tão disponíveis para ajudar”.
Já, sobre o futuro próximo, Fátima Santos foi perentória: “Acho que vêm aí tempos difíceis”.
“A continuar o aumento do custo de vida, teremos um aumento de pedidos de apoio de famílias e a nossa preocupação será sempre assegurar os bens de primeira necessidade a essas famílias. Mas tudo o que possamos fazer é insuficiente”, concluiu.