O presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco lamentou ontem a morte do pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, aos 97 anos, considerando que foi uma figura maior da cultura nacional e albicastrense.
“Foi com enorme pesar e consternação que recebemos a notícia da morte do mestre Manuel Cargaleiro. É um dia de pesar, de tristeza e é também um dia que serve para refletir sobre o sentido da vida”, afirmou à agência Lusa Leopoldo Rodrigues.
O autarca de Castelo Branco sublinhou que o município vai decretar, na segunda-feira, luto municipal pela morte do artista plástico.
“O mestre [Cargaleiro] é uma figura maior da cultura nacional e da cultura albicastrense. É em Castelo Branco que tem a sua fundação e o seu museu, o núcleo mais importante de parte da sua coleção. Enquanto presidente tenho que reconhecer aquilo que o mestre deu à cidade e ao concelho com a sua presença e também com a forma delicada e muito próxima como o mestre acompanhava tudo o que se passava na fundação e no museu”, sintetizou.
Hoje, “compete-nos homenagear a memória do mestre tendo em linha de conta que ele continuará entre nós, imortal, porque a sua obra é tão extraordinária que ninguém a poderá esquecer”, acrescentou.
Quanto ao futuro, o autarca referiu à agência Lusa que a Câmara Municipal é um parceiro fundamental da Fundação Manuel Cargaleiro.
“Neste momento já existem dois polos do museu [Cargaleiro] e estamos a preparar um terceiro que irá funcionar nas antigas instalações da GNR”, sublinhou.
Segundo o presidente do município, trata-se de um espaço já recuperado e onde falta apenas concluir o mobiliário expositivo para poder ser inaugurado.
“Neste espaço irá ser inaugurado um novo polo de cerâmica do Museu Cargaleiro, onde será exposto parte do seu espólio” frisou.
O autarca realçou ainda que a presença do mestre Cargaleiro em Castelo Branco é já antiga.
“Tenho que reconhecer aqui a visão que na altura teve o comendador Joaquim Morão, que em boa hora conversou com Manuel Cargaleiro no sentido de podermos acolher em Castelo Branco a sua obra e a sua fundação”, disse.
Leopoldo Rodrigues deixou também uma palavra “de grande sentimento e de amizade” à sua mulher, Isabel Brito da Mana.
O artista plástico nasceu em 16 de março de 1927 em Chão das Servas, no concelho de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
Em Castelo Branco, viria a ser inaugurada a Fundação Manuel Cargaleiro, em 1990, depois expandida com o respetivo museu e mais tarde, no Seixal, distrito de Setúbal, a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.
O ceramista recebeu, em Paris, em 2019, a medalha de Mérito Cultural do Governo português e a Medalha Grand Vermeil, a mais alta condecoração da capital francesa, onde viveu grande parte da sua vida.
Em 2017, no exato dia do seu 90.º aniversário, foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.
No último ano teve patente as exposições “Eu Sou… Cargaleiro”, no Mosteiro de Ancede – Centro Cultural de Baião, no distrito do Porto, uma mostra de pintura na Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia, intitulada “Cargaleiro, Pintar a Luz Viver a Cor”, e uma exposição de gravura no Fórum Cultural de Ermesinde, em Valongo, de nome “A essência da cor”. Este ano levou obras nunca expostas à sua oficina, no Seixal.