A Câmara da Guarda, liderada pelo movimento Pela Guarda, fechou o ano de 2023 com um resultado líquido negativo de um milhão de euros (ME), de acordo com o documento aprovado terça-feira em Assembleia Municipal.
A prestação de contas 2023 foi aprovada por maioria com 46 votos a favor e 29 abstenções.
O presidente da Câmara, Sérgio Costa, considerou que em 2023 foi possível manter as contas da autarquia saudáveis, apesar do aumento dos encargos provocados pela inflação.
“Um aumento [inflação] que não foi acompanhado das transferências correntes provenientes do Orçamento do Estado que desta forma também levou a que tivéssemos um resultado líquido com uma variação negativa em relação a 2022”, argumentou o autarca do movimento Pela Guarda.
Sérgio Costa sublinhou que por isso as autarquias continuam a reivindicar as verbas a ser transferidas porque “de facto os custos continuam a aumentar”.
O deputado António Oliveira, da bancada do movimento Pela Guarda, considerou que se trata de “boas contas” e que traduzem “uma situação económico-financeira razoável”.
Já a bancada do PSD apontou “o descaminho” da Câmara Municipal, alterando para o facto de se estar a inverter a tendência registada até 2021.
“Assistimos a muito gasto”, assinalou o deputado Ricardo Neves de Sousa.
O deputado do PS, Miguel Borges, realçou o aumento de taxas, o aumento da dívida aos fornecedores e o excesso ao recurso de ajustes diretos.
O documento tinha sido aprovado por maioria no executivo, com as abstenções dos três eleitos do PSD e da vereadora do PS.
A Assembleia Municipal ficou ainda marcada pelo abandono da sala dos deputados do PSD quando se discutia a contratação de um empréstimo para a aquisição de autocarros.
Os eleitos do PSD discordaram da forma como o debate estava a ser conduzido.
Na altura, falava o presidente da Junta de Freguesia de Valhelhas, Helder Saraiva, que criticava os vereadores do PSD e a vereadora do PS na Câmara por terem chumbado na semana passada a contratação de outro empréstimo no valor de 7,6 ME, para financiamento de investimentos municipais.
O assunto viria também a ser abordado pelo presidente da Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa, Luís Prata.
O empréstimo destinava-se, entre outros investimentos, a suportar as obras que estão a ser feitas nas freguesias para requalificação das estruturas danificadas pelos incêndios de 2022 e reparar danos das cheias.
Os deputados do PSD regressaram à sala no início da intervenção do presidente da autarquia, Sérgio Costa, que reiterou a possibilidade de os investimentos virem a ser suspensos.
O líder de bancada do PSD, João Correia, considerou mais tarde que as intervenções sobre o chumbo do empréstimo deveriam ter sido feitas no período antes da ordem do dia e não quando se discutia o empréstimo para a compra de autocarros.
“Estamos a misturar alhos com bugalhos”, atirou o deputado.