A Câmara Municipal da Guarda decidiu ontem, por unanimidade, adquirir por 260 mil euros um edifício do centro histórico, que está em ruínas há vários anos, para ali instalar a coleção de arte contemporânea de António Piné.
Segundo o presidente da autarquia, Carlos Chaves Monteiro (PSD), o município deliberou comprar o imóvel da antiga “Casa da Legião”, situado em frente da porta principal da Sé Catedral, e recuperá-lo para acolher a coleção de arte de António Piné, no âmbito de um protocolo com a Associação Nacional de Farmácias (ANF), detentora da coleção.
O acervo de arte contemporânea que será instalado na cidade da Guarda, onde reside António Piné, será, no entender do autarca, “um trunfo importante na candidatura” da Guarda a Capital Europeia da Cultura em 2027.
“A coleção António Piné é um dos acervos particulares que melhor ilustram as correntes estéticas que caracterizaram a arte portuguesa a partir da segunda metade do século XX. Tem, entre outras, obras de Cruzeiro Seixas, uma das figuras maiores do surrealismo português, infelizmente hoje falecido”, segundo Carlos Chaves Monteiro.
No final da reunião do executivo, o presidente da Câmara Municipal da Guarda, admitiu que o novo espaço cultural poderá abrir portas ao público no início de 2023.
O município vai lançar o concurso para elaboração do projeto de recuperação do edifício e vaticina que a abertura oficial do espaço “se possa fazer dentro de dois anos, no início de 2023”.
António Piné, natural de Pinhel, no distrito da Guarda, farmacêutico de profissão, doou a sua coleção à ANF, que passou ser a detentora das obras de arte.
O farmacêutico constituiu, ao longo dos anos, uma coleção de pintura e de escultura, que integra obras nacionais e internacionais do século XX, referiu Carlos Chaves Monteiro.
“Paula Rêgo, Vieira da Silva, Júlio Pomar, Manuel Cargaleiro, Cruzeiro Seixas, Julião Sarmento ou Rui Chafes são alguns dos artistas portugueses representados na coleção” que também inclui nomes da pintura internacional como Pablo Picasso, Salvador Dalí e Miró, indicou.
Carlos Chaves Monteiro explicou que a aquisição do edifício em ruínas e a sua recuperação enquadra-se na estratégia municipal de requalificação do centro histórico da cidade mais alta do país.
O antigo imóvel será transformado num “espaço de contemplação, de observação e de estudo da arte”.
Os dois vereadores do PS (Cristina Correia e Manuel Simões) votaram a favor da aquisição da antiga “Casa da Legião”, embora tenham considerado o valor do negócio “excessivo” por o imóvel “estar em ruínas”.