O presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso, lamentou hoje a morte do realizador António-Pedro Vasconcelos, aos 84 anos, dizendo que o cinema português perdeu uma referência e “uma pessoa de lutas cívicas”.
“É uma figura marcante da nossa vida, digamos do pós-25 de Abril especialmente, e que marcou muito a área da cultura, do cinema e da escrita. É uma referência, para muitos de nós, que hoje infelizmente nos deixa”, disse Paulo Trancoso à agência Lusa.
Em comunicado, a família de António-Pedro Vasconcelos revelou que o realizador morreu “esta noite, a poucos dias de completar 85 anos”, que celebraria no domingo, 10 de março.
António-Pedro Vasconcelos, que em 2023 assinalou cinquenta anos desde a estreia do primeiro filme, “Perdido por Cem” (1973), era membro honorário da Academia Portuguesa de Cinema, que lhe atribuiu um prémio de carreira em 2020.
O cineasta foi também reconhecido pelos prémios Sophia, daquela academia, por alguns dos filmes que assinou, nomeadamente, em 2015, quando venceu os Prémios Sophia de melhor filme e realização com “Os Gatos Não Têm Vertigens”.
Para Paulo Trancoso, António-Pedro Vasconcelos fez filmes que eram “virados para um público mais vasto”, sobretudo depois de “O lugar do morto” (1984), embora não fossem consensuais entre a crítica.
Já os primeiros filmes “Perdido por Cem” e “Oxalá” (1980), “inspirados na Nouvelle Vague”, não são muito conhecidos, mas foram muito bem aceites pela crítica”, disse.
Transversal a todos os papéis desempenhados no cinema, enquanto realizador, professor e produtor, António-Pedro Vasconcelos foi “uma pessoa muito ativa, era uma pessoa de lutas cívicas muito grandes e em várias áreas”, disse.