Sandra Cunha, enfermeira especialista no CHCB, foi uma das convidadas e apresentou o estudo realizado no âmbito da sua tese de mestrado sobre a perceção que os professores do primeiro ciclo do distrito têm sobre maus tratos. O inquérito, realizado a 172 professores, revela ainda algum desconhecimento na identificação de maus tratos nas crianças “46% tem bom conhecimento sobre os factores de risco, contudo mais facilmente reconhecem os factores relacionados com os pais como o alcoolismo ou a toxicodependência, 43% têm bom conhecimento sobre os indicadores mas também aqui mais facilmente identificam os indicadores físicos como nódoas negras ou queimaduras”.O estudo tentou ainda perceber se os professores sabem como agir perante uma situação de maus tratos “32% apresenta atitudes assertivas face ao mau trato, contudo apresentam atitudes menos assertivas quando questionados face à punição física, ou seja, eles acham que realmente devem sinalizar e faz parte da sua função enquanto educadores, mas quando se pergunta se a palmada é uma boa solução, a resposta é que sim”.
Uma das conclusões do estudo é a necessidade de formação nesta área, identificada pelos próprios docentes “98% consideram a formação nesta área importante, no entanto, apenas 16% fez formação na área dos maus tratos após concluir o seu curso base, uma das justificações e conclusões do meu estudo é que não existe muita oferta de formação nesta área”.
O estudo revela ainda que 91% dos inquiridos sabe identificar pelo menos um organismo a quem sinalizar as situações de maus tratos, estando as comissões de proteção de menores no topo da lista, ainda que 80% nunca tenham sinalizado qualquer caso.
O estudo foi realizado com base num inquérito a 172 professores do primeiro ciclo do distrito de Castelo Branco, 84% mulheres, 78% casados, 98% com filhos e com uma frequência profissional superior a 25 anos.