A vereadora do PS na Câmara Municipal da Guarda, Adelaide Campos, lamentou ontem que a um mês de serem celebrados os 50 anos do 25 de Abril a Guarda esteja “omissa” nas comemorações da data.
A autarca considerou na reunião do executivo municipal, realizada na tarde de hoje, que “é triste que a Guarda não esteja a corresponder às exigências políticas e sociais” que a data do 25 de Abril representa.
“É muito triste que a Guarda esteja tão omissa”, disse Adelaide Campos, salientando que “a maior parte das cidades já apresentou um programa consistente”.
A Câmara da Guarda anunciou no ano passado a constituição de uma comissão de honra e de uma comissão executiva para a elaboração de um programa para assinalar os 50 anos do 25 de Abril no concelho.
Adelaide Campos criticou ainda o fato de ter ficado a saber “num café” que estava a ser preparada uma rotunda na cidade para receber um monumento ao 25 de Abril.
“É humilhante para um vereador não saber”, assinalou a autarca antes da reunião entrar na Ordem de Trabalhos.
A eleita do PS acusou o presidente da Câmara, Sérgio Costa, eleito pelo movimento Pela Guarda, de “pecar relativamente à sua obrigação” de tratar a autarquia como “uma instituição democrática”.
“Queria que eu e os vereadores do PSD fossemos parte das decisões e das soluções. Não estamos disponíveis para ser tratados como idiotas úteis”, sustentou. “O senhor presidente da Câmara pensa que é a Guarda, mas a Guarda é muito mais do que ele”, assinalou, aos jornalistas, após a reunião.
O vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, partilhou das críticas da vereadora socialista, ressalvando que “se impunha olhar para a oposição”, questionando se uma rotunda valerá o investimento de 106 mil euros, tal como está previsto.
O presidente da Câmara disse que o programa das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril será apresentado na primeira semana de abril. Garante que o programa não se esgota no dia 25 e que deverá prolongar-se até abril de 2025.
Sobre o monumento, Sérgio Costa lamentou que o assunto “tenha sido exposto na opinião pública sem autorização da Câmara Municipal” e defendeu que “o executivo não tem de informar todos”. “Quem está na governação é este executivo”, sustentou.
Na reunião desta segunda-feira, o executivo municipal aprovou, entretanto, a aquisição de mais dois edifícios em ruínas no Centro Histórico da cidade, no valor de 100 mil euros e de 70 mil euros, para transformar em habitação, com vista a uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Ainda na reunião, o vereador do PSD, Carlos Chaves Monteiro, anunciou que vai avançar com uma queixa “por denúncia caluniosa” contra Sérgio Costa, pelas declarações proferidas por causa da cedência dos terrenos do antigo matadouro a uma empresa para instalação de um hospital privado e anulada pelo atual executivo.
A decisão foi anunciada depois do eleito do PSD ter revelado que o Ministério Público arquivou a queixa apresentada por Sérgio Costa contra o executivo anterior, que era liderado por Carlos Chaves Monteiro, por existirem “dúvidas legais” relativamente ao processo de cedência do terreno.
O vereador do PSD admitiu concordar com a forma como Sérgio Costa apresentou o assunto em tribunal, mas critica as suas declarações quando defende que seria um negócio “ruinoso” para o município e para o erário público.
Hoje, o presidente da Câmara reiterou essa posição e Carlos Chaves Monteiro defendeu que, dada a insistência de Sérgio Costa, não pode deixar de tomar uma posição para se proteger “como pessoa, profissional e político”.