Sítio arqueológico da Ribeira de Piscos no Côa reabre por inteiro ao público em janeiro

Joao Paulo Sousa

A Fundação Côa Parque anunciou hoje a reabertura integral ao público do sítio arqueológico da Ribeira de Piscos, um dos mais emblemáticos da arte rupestre do Vale do Côa, que passa dispor de um novo ponto de visita.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Fundação Côa Parque, João Paulo Sousa, disse que a reabertura ao público do sítio arqueológico da Ribeira de Piscos está agendada para os dias 05 ou 06 de janeiro, e que será integral e permanente.

“A ideia passa por reabrir este sítio de forma integral e permanente já que se trata de um dos mais emblemáticos do Vale do Côa, e criar novos atrativos para os visitantes”, disse o responsável.

Um desses novos atrativos passa por incluir na rota de visita à Ribeira de Piscos, no Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), uma antigo e rústico lagar de varas, sítio onde era feito no passado o azeite e que se encontra na freguesia da Muxagata, no concelho de Vila Nova de Foz Côa.

Segundo João Paulo Sousa, já foi assinado um protocolo entre a Fundação Côa Parque e a Junta de Freguesia da Muxagata, para incluir este lagar de azeite recuperado.

“Além da sua antiguidade, é igualmente um centro interpretativo do azeite, que pode ser visto sem que o visitante tenha de pagar mais para conhecer este novo ponto de interesse histórico através de uma visita guiada”.

João Paulo Sousa é ainda da opinião que a população dos quatro concelhos do Vale do Côa devem preservar e divulgar o seu património.

O sítio arqueológico da Ribeira de Piscos encontra-se na embocadura desta ribeira com a margem esquerda do rio Côa, no concelho de Vila Nova de Foz Côa, freguesia de Muxagata.

Segundo os arqueólogos do PAVC, neste sítio conhecem-se 42 rochas gravadas, 27 das quais com representações paleolíticas, situadas na margem esquerda da ribeira e em torno da sua foz, junto do Côa.

A caminhada por Piscos é enriquecida pela possibilidade de se observar alguns dos mais importantes exemplares de gravura paleolítica em todo o Vale do Côa.

Entre eles salientam-se os cavalos enlaçados da rocha 1 e, na rocha 2, uma das raras figuras humanas de cronologia paleolítica conhecidas no vale, o já famoso “Homem de Piscos”.

Outro ponto de interesse prende-se com a descoberta, no primeiro trimestre de 2024, na Ribeira de Piscos, de um painel (rocha 60) com pinturas a ocre do período pós-paleolítico, que permitiu comprovar que a chamada Arte do Côa se prolonga numa continuidade de milénios, reforçando o interesse da investigação arqueológica efetuada em permanência no PAVC.

A ‘nova’ forma de arte identificada, utilizada pelos habitantes pré-históricos do Vale do Côa, tem unicamente pinturas a ocre datadas do período pós-paleolítico, características da sua arte naturalista e esquemática, e surge num contexto de 30 mil anos, em que, até agora, no mesmo território, eram apenas conhecidos testemunhos da técnica do picotado ou de abrasão das rochas.

Quando da criação do PAVC, em agosto de 1996, foram identificadas 190 rochas com arte rupestre. Atualmente há 1511 identificadas, das quais 38 são pintadas, o que representa um total de 15.661 motivos, em mais de uma centena de sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30 mil anos.

A Arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Como uma imensa galeria ao ar livre, o PAVC ocupa 20 mil hectares de terreno que estão distribuídos pelos concelhos Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, a que se junta o concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, com manifestações de arte rupestre.


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