Sé Catedral de Castelo Branco será reclassificada como monumento nacional

A Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) iniciou esta quarta-feira o processo de reclassificação da Sé de Castelo Branco, imóvel de interesse público que deverá passar a ser monumento nacional.

O anúncio da abertura da reclassificação foi hoje publicado em Diário da República e abrange a Igreja de São Miguel, também igreja matriz e sé catedral e todo o património móvel que a integra.

A sé catedral de Castelo Branco foi classificada como imóvel de interesse público (IIP) em 1978, através do decreto 95/78, de 12 de setembro.

Um parecer emitido pelo Conselho Nacional de Cultura, em novembro de 2018, deu aval à proposta da Direção Regional de Cultura do Centro para abertura do procedimento de reclassificação da sé catedral como monumento nacional, parecer esse que obteve a concordância da diretora-geral da DGPC, Paula Silva, em 14 de março de 2019.

No anúncio publicado esta quarta-feira em Diário da República, a responsável pela DGPC explica que é sua intenção propor à secretária de Estado da Cultura a reclassificação como monumento nacional da Igreja de São Miguel, também igreja matriz e sé catedral, situada no Largo da Sé, em Castelo Branco e respetivo património móvel integrado.

A consulta pública tem uma duração de 30 dias úteis, sendo que as observações dos interessados devem ser apresentadas junto da Direção Regional de Cultura do Centro, que se pronunciará num prazo de 15 dias úteis.

Segundo a informação disponibilizada no sítio da internet da DGPC, a igreja de São Miguel (sé catedral de Castelo Branco), tem referências documentais conhecidas desde o século XIII, com particular interesse ao refletir todo um percurso religioso e patrimonial de mais de oito séculos, que é também parte integrante da história da cidade.

Esse percurso está documentado pelas várias inscrições patentes na nave da igreja, alusivas às diferentes campanhas arquitetónicas de que hoje subsistem maioritariamente testemunhos barrocos e rococós, muito embora seja possível identificar vestígios da estrutura quinhentista no arco cruzeiro ou mesmo de épocas anteriores nos contrafortes da capela-mor, e dependências revestidas por cruzarias de ogivas.

No decorrer de obras de recuperação do imóvel, em março de 2004, foi descoberta uma necrópole medieval na zona exterior junto à cabeceira da igreja, com 32 sepulturas antropomórficas, em granito (que conservam as ossadas em bom estado), muito possivelmente, dos séculos XIV ou XV.

Com a elevação de Castelo Branco a Diocese, em 1771 (até 1882 quando foi anexada à Diocese de Portalegre), a igreja de São Miguel tornou-se catedral, beneficiando das obras, de inícios do século XVI, que haviam destruído quase na totalidade os vestígios da estrutura medieval original.

Ainda antes de ser elevada a catedral, a igreja teve várias campanhas, que remontam aos séculos XVII e XVIII com a reestruturação do arco triunfal cerca de 1608; a reedificação da igreja em 1682 por iniciativa do bispo da Guarda Martins de Melo; a campanha decorativa de 1691 em que Frei Luís da Silva (bispo da Guarda) patrocinou a introdução de telas de Bento Coelho da Silveira em oito capelas.

O edifício atual, de planta longitudinal, com duas torres adossadas à fachada e sacristia também adossada, apresenta alçado principal imponente mas relativamente austero, com três portais a que correspondem, no registo superior, duas janelas e um nicho com a imagem de São Miguel a pisar o dragão, em pedra pintada.

O interior, de nave única com alçados de dois registos, exibe seis altares laterais, de talha dourada com colunas torsas e pintura a óleo.

Destaca-se a capela do Santíssimo, revestida com mármores de cor branca, cinza e preta, e com a representação da Última Ceia.


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