Um ateliê de conservação e restauro têxtil, em Castelo Branco, tem atraído cada vez mais estagiários espanhóis.
Um ateliê de conservação e restauro têxtil, em Castelo Branco, tem atraído cada vez mais estagiários da Escola Superior de Arte e Conservação de Bens Culturais Mariano Timon, em Palência, uma das únicas escolas da especialidade em Espanha. Manter a integridade física de uma peça de tecido, removendo e acrescentando o mínimo de material, além do original, é o principal objetivo da técnica de conservação e restauro têxtil. Sandra Carvalho, que tem vindo a afirmar-se nesta técnica cada vez mais em desuso, conserva e restaura colchas de Bordado de Castelo Branco, paramentos religiosos, bandeiras, trajes, xailes, lenços, tapetes de Arraiolos. Peças de seda, linho ou damasco, rasgadas, mal tratadas e quase desfeitas podem ganhar, nas suas mãos, nova vida. A lavagem, conservação e restauro destas peças “são fruto do trabalho minucioso e moroso, temperado pelo amor”, que uma das últimas conservadoras de têxteis do país tem pela sua arte. Apesar do trabalho final parecer, por vezes, “um autêntico milagre”, Sandra Carvalho garante que “aqui não há milagres, há sim muito trabalho e amor às peças a trabalhar”. “E o tempo que leva a refazer cada peça não conta para a satisfação que dá vê-la acabada”, explica. Aprendeu no Museu Francisco Tavares Proença Júnior, em Castelo Branco, onde existe um outro ateliê semelhante, esteve instalada no mercado municipal da cidade, mas agora conseguiu um espaço maior e com mais visibilidade, onde pode receber estas estagiárias e ensinar esta técnica. “Esta é uma área ainda com muito para explorar de um e outro lado da fronteira, pelo que esta ligação com a Escola continuará a dar frutos, seguramente. Até porque há muita gente a conservar e restaurar obras de arte, mais ligadas à pintura e afins, mas na área do têxtil não”, explica Sandra Carvalho. A pouca divulgação desta arte leva a outra dificuldade, no que se refere aos materiais disponíveis para a exercer. A possibilidade de uma peça vir ou não a ser preservada para o futuro depende muito do tipo de armazenamento ou acondicionamento que lhe seja dada, pelo que “a conservação preventiva é um importante passo no sentido de prevenir a deterioração dos acervos têxteis”. “Ao preservarmos uma peça, uma história, preserva-se a memória”.
