A requalificação da Torre de Centum Cellas, no Colmeal da Torre, está quase pronta, prevendo-se que a intervenção seja inaugurada no dia 26 de abril, feriado municipal de Belmonte. O monumento nacional vai ser complementado com um centro interpretativo, cuja construção está em curso, onde estarão expostas peças e achados arqueológicos, bem como todas as teorias e interpretações ligadas ao enigmático edifício.
O objetivo das obras é preservar e conservar a Torre de Centum Cellas, receando o município que a falta de intervenções pudesse originar o deslizamento de algumas pedras e a destruição da própria torre ao longo dos anos. Alguns dos trabalhos de restauro levados a cabo nos últimos meses incluíram a limpeza do monumento, a remoção de lixo, a consolidação de muros e a reconstituição de zonas em risco de ruína. Tarefas que envolveram várias equipas de diferentes áreas: «São imensas porque as intervenções não são só de restauro, mas também estamos a colocar luz e a construir o centro interpretativo, onde estão a trabalhar construtores civis, arquitetos e trabalhadores de museologia», adianta a arqueóloga e técnica superior da Câmara de Belmonte, Elisabete Robalo.
Além dos trabalhos de conservação, está também a ser construído um centro interpretativo, cujos conteúdos poderão demorar mais algum tempo a serem finalizados, não havendo ainda data oficial para a sua abertura ao público. O equipamento vai dar a conhecer as diferentes versões sobre a origem do monumento, dado que há teses diferentes sobre a finalidade do edifício, que tanto poderia ser um templo, como uma prisão ou mesmo uma albergaria. As ruínas têm suscitado as mais diversas teorias e originado variadas lendas, sendo que uma delas diz que a torre teria sido uma prisão com cem celas, daí derivando o nome Centum Cellas, onde teria estado cativo São Cornélio, razão pela qual também é conhecida pelo nome de Torre de São Cornélio.
Segundo Carlos Afonso, vereador do município belmontense, a requalificação de Centum Cellas é «uma obra importante», pois trata-se de um «património especial» para o concelho que é importante preservar. «É essencial fazer de tudo para não o deixar cair dois mil anos depois de ter sido construído», afirma o eleito, acrescentando que a obra «está concluída e isso enche-me de satisfação porque cumprimos os objetivos de salvaguardarmos o património existente». A intervenção teve como objetivo valorizar o sítio arqueológico e melhorar as condições de acessibilidade às ruínas, quer em termos físicos, quer em termos intelectuais – daí a abertura do centro de interpretação na orla do monumento. A Torre de Centum Cellas, de cronologia romana, remonta ao século I, tendo sido reconstruída no século III após sofrer um incêndio. A sua função permanece indefinida, mas as investigações mais recentes apontam para que seja «um vestígio da pars urbana de uma villa rural bastante extensa», refere a autarquia. A recuperação e reabilitação da Torre de Centum Cellas, bem como a construção do respetivo centro interpretativo, foram iniciadas em junho de 2023 e as obras representam um investimento superior a 700 mil euros.
A empreitada foi adjudicada à empresa Now XXI.