Reitor da UBI lamenta cortes no Ensino Superior

Há cada vez menos investimento do Estado no Ensino Superior e António Fidalgo, reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), lamenta transferências “muito curtas” que estão a criar problemas.

O início do atual ano letivo traz preocupações às instituições de Ensino Superior e à Universidade da Beira Interior (UBI). O montante que será transferido a partir do Orçamento Geral do Estado é conhecido – cerca de 21 milhões de euros para a UBI – e não chega para os encargos salariais, na ordem dos 27 milhões, de acordo com o número avançado por António Fidalgo, no final da receção aos novos alunos. Aos jornalistas, o reitor da UBI lamentou a verba “muito curta”, que obriga a recorrer a receitas próprias e deixa antever um fecho das contas deficitário. “Se não fossem as receitas próprias da Universidade, as propinas e os projetos a que se candidata, a Universidade seria completamente inviável. Já o ano passado passámos com défice e este ano vai agravar-se”, disse o responsável à comunicação social, à margem da sessão.  O problema é nacional havendo instituições que “neste momento estão completamente exaustas”, acrescentou António Fidalgo, reconhecendo que “felizmente não é o caso da UBI, que se tem pautado por uma gestão rigorosíssima e ainda pode fazer face aos défices”. O reitor, no entanto, admite que isto não pode acontecer por muito mais tempo, até porque a academia que dirige tem trabalho para apresentar. “O facto é que nós temos vindo a melhorar a oferta, a subir todos os parâmetros de qualidade e os cortes têm sido contínuos. Neste momento, ameaçam a qualidade do Ensino Superior em Portugal”. Além da subida desses indicadores, a UBI aumentou a percentagem de colocados na primeira fase do Concurso de Acesso ao Ensino Superior. Com mais de 80 por cento das vagas atribuídas, o responsável ficou “satisfeito” e acredita que irão ser melhorados “na segunda fase”.

ENGENHARIAS PREOCUPAM
No entanto, há preocupações com a área das engenharias, que voltaram a atrair poucos alunos. “É de lamentar. Nós temos cursos que, em termos profissionais, dão uma sólida formação. Hoje não podemos olhar só para o mercado nacional. Internacionalmente essas formações estão altamente cotadas. A engenharia portuguesa é muito bem considerada a nível mundial”, sublinhou. O défice demográfico é um dos fatores que origina esta situação e advoga que é necessário colmatar as diferenças “significativas” entre a oferta e a procura, apostando em atrair estudantes de outros países. “Está na altura de Portugal olhar para o seu sistema de Ensino Superior como uma mais-valia e como um bem também de exportação. Temos de trazer alunos de países onde têm dificuldade em estudar, onde não há esse excesso de oferta. Há condições para dar formação a jovens de outros países, nomeadamente aos de língua oficial portuguesa”, conclui o responsável.


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